“Quando cheguei havia chefias que eram chefes deles próprios”, diz vice-provedora da Santa Casa

A ministra "tem todo o direito de mudar a gestão" da SCML, mas não "de dizer coisas que não são verdadeiras", criticou Ana Vitória Azevedo, referindo que "a acusação" de benefício próprio é "grave".

A vice-provedora demissionária da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) admitiu esta quarta-feira que não havia “um plano robusto” para fazer frente às dificuldades financeiras da instituição, mas foram tomadas “medidas urgentes”. Entre as quais a redução do número de cargos de chefia. “Quando cheguei havia chefias sem equipa. Eram chefes deles próprios”, disse Ana Vitória Azevedo.

Não havia efetivamente tempo para planos robustos, mas existiram um conjunto de medidas de sustentabilidade financeira para 2023 e 2024″, afirmou Ana Vitória Azevedo, vice-provedora demissionária da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que está a ser ouvida esta quarta-feira na Comissão de Trabalho, Solidariedade e Inclusão do Parlamento, na sequência de um requerimento da Iniciativa e Liberal (IL). No fundo, “eram medidas urgentes”, tendo em vista “regularizar” as contas da instituição.

Entre as medidas tomadas esteve o corte de “15% do número de cargos”, nomeadamente “uma redução de 40 cargos de dirigentes” em 2023, com um valor de um milhão de euros. “Quando cheguei havia chefias sem equipa. Eram chefes deles próprios”.

Por outro lado, para fazer face aos elevados custos de pessoal, adiantou ainda que foi suspensa a contratação de funcionários sem licença e que o acordo de empresa alcançado “era urgente de aplicar na Santa Casa“. “Era impensável que os trabalhadores tivessem tanto tempo sem atualizações salariais”, sublinhando que essa subida “era fundamental” para a “paz social” da instituição.

E deixou ainda fortes críticas à atual ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, sublinhando que a governante “tem todo o direito de mudar a gestão” da Santa Casa, mas não “não tem o direito de dizer coisas que não são verdadeiras”, numa alusão, ao facto de a Ana Paula Ramalho ter referido que só foram cortados 19 dirigentes e de que Ana Jorge e a restante mesa retiram benefício próprio através de aumentos salariais. O único aumento resultou da aplicação do Estatuto do Gestor Público e foi decretado não pelos órgãos da Santa Casa mas pelo anterior Governo, disse. “A mesa da [SCML] não teve nenhum beneficio para si”, assegura, considerando que a “acusação é grave”.

Já sobre o processo de internacionalização dos jogos sociais, Ana Vitória Azevedo disse que “não estava contra”, mas mostrou “reservas e divergências”, nomeadamente sobre a “maneira pouco cautelosa com que o projeto estava a ser executado”, recusando, no entanto, que que este processo esteja na origem dos problemas da Santa Casa. Por outro lado, considerou ainda “extemporânea” a divulgação das conclusões preliminares da auditoria externa, feita pela BDO, ao processo de internacionalização, dado que a investigação ainda estava em curso .

A vice-provedora demissionária, aproveitou ainda para, nos momentos de iniciais da sua audição, fazer uma espécie de declaração de interesses: “Ao contrário do que foi dito fui nomeada não por ser amiga da anterior ministra, que sou efetivamente” nem “por ser militante do PS, que não sou”, mas “para dar o meu melhor ao serviço de uma instituição tão nobre”, sinalizou.

Ana Vitória Azevedo deu nota ainda desde que assumiu funções na SCML, em janeiro de 2021, “o património foi o [seu] pelouro exclusivo”, mas assumiu “outras áreas”, nomeadamente a dos recursos humanos, pelo que considera que só se responsabiliza e só deve prestar contas sobre essas.

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