Economia torna empresas europeias menos otimistas em relação à China
Inquérito revela que percentagem de empresas que consideram expandir as operações no gigante asiático este ano caiu para 42%, o valor mais baixo de sempre, por receios com abrandamento económico.
O abrandamento económico está a pesar nos planos de negócio e investimento das empresas europeias na China, numa altura em que o país tenta atrair investimento estrangeiro. De acordo com um inquérito divulgado esta sexta-feira, feito pela Câmara de Comércio Europeia na China a mais de 500 empresas, o abrandamento da economia é agora a principal preocupação.
A China continua a ocupar uma posição de destaque como destino de investimento, mas a percentagem de empresas que consideram expandir as operações no país este ano caiu para 42%, o valor mais baixo de sempre. “As perspetivas de negócio são as mais pessimistas de sempre, com as expectativas de crescimento e rentabilidade das empresas a sofrerem um golpe e as preocupações com a concorrência a intensificarem-se”, afirmou a Câmara, no inquérito, sobre a confiança das empresas.
As preocupações económicas juntam-se às queixas de longa data sobre regulações e práticas que as empresas veem como favorecimento dos concorrentes chineses ou não são claras, criando incerteza para as empresas e os funcionários.
Esses problemas mais antigos são agora agravados pelo enfraquecimento da economia, corroendo a confiança das empresas, disse o presidente da Câmara de Comércio Europeia, Jens Eskelund. “As empresas começam a aperceber-se de que algumas das pressões a que temos assistido no mercado local, quer se trate da concorrência ou de baixa procura, estão a assumir uma natureza talvez mais permanente“, disse, em conferência de imprensa, assinalando que isso “está a começar a ter impacto nas decisões de investimento e na forma como se pensa no desenvolvimento do mercado local”.
O Governo chinês está a lançar programas para estimular o consumo, mas a confiança continua baixa devido a um mercado de trabalho débil. Nos primeiros três meses do ano, o crescimento económico foi mais rápido do que o esperado, com um ritmo anual de 5,3%, mas grande parte do crescimento do produto interno bruto (PIB) resultou das despesas do Executivo em infraestruturas e do investimento em fábricas e equipamento.
O investimento maciço em indústrias como a dos painéis de energia solar e a dos automóveis elétricos criou uma intensa concorrência de preços, reduzindo os lucros.
Mais de um terço dos inquiridos afirmou ter observado um excesso de capacidade no seu setor. Para 15% das empresas, as operações na China terminaram 2023 no vermelho. As empresas estrangeiras precisam de crescimento na procura doméstica, não na capacidade de produção, observou Eskelund.
“O que é importante para as empresas estrangeiras não é necessariamente um tipo de número do PIB — 5,3%, qualquer que seja –, mas a composição do PIB”, frisou.
Cerca de 40% das empresas afirmaram ter transferido ou estar a considerar transferir futuros investimentos para fora da China.
O Sudeste Asiático e a Europa são os maiores beneficiários, seguidos da Índia e da América do Norte. Cerca de 60% das empresas afirmaram que vão manter os planos de investimento na China, mas este valor foi inferior ao do ano passado.
“O fascínio da China como um dos principais destinos de investimento está a desvanecer-se”, lê-se no relatório do grupo empresarial sobre o inquérito. “Sem melhorias significativas no ambiente empresarial, as empresas vão continuar a procurar oportunidades noutros mercados que consideram oferecer mais fiabilidade, previsibilidade e transparência”, acrescentou.
Cerca de um terço das empresas estavam otimistas quanto ao crescimento dos negócios este ano, perante mais da metade em 2023, e apenas 15% estavam otimistas quanto ao crescimento dos lucros.
Mais de metade espera cortar custos na China este ano, incluindo 26% que planeiam reduzir o tamanho das equipas, o que, referiu o relatório, “aumentará ainda mais a pressão sobre um mercado de trabalho já tenso”.
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