Balsemão e Isabel dos Santos: corte de canais e relações
Esta semana, Pinto Balsemão já sofreu críticas e o cancelamento de dois dos canais do grupo Impresa em Angola. Mas as divergências não são de hoje.
A empresária Isabel dos Santos, entre críticas de “ganância comercial” a Pinto Balsemão, aponta “razões comerciais e não políticas” para o corte na emissão de dois canais da cadeia SIC em Angola. Para além destas acusações, são vários os pontos de tensão que têm vindo a acumular-se entre o grupo Impresa e o governo angolano, liderado pelo pai da empresária. O ECO faz o resumo dos mais recentes.
A 14 de março deste ano, a Zap, operadora na qual Isabel dos Santos detém 70% do capital, cortou a emissão dos canais SIC Notícias e SIC Internacional em Angola e Moçambique. O corte dos mesmos canais foi repetido esta segunda-feira pela DStv em Angola. Dias depois, surgiram as críticas que a empresária angolana dirigiu à SIC e a Pinto Balsemão através das redes sociais.
No Twitter, Isabel dos Santos justifica os cortes nos canais com os preços da SIC, que considera “muito cara”. Aproveita ainda para acusar Pinto Balsemão (sem especificar a que membro da família se refere) de uma “inconfessável ganância comercial“. A SIC respondeu às acusações com a seguinte declaração: “A SIC preocupa-se essencialmente com a liberdade de informação e com a prestação de serviços de qualidade aos seus clientes”.
As reações em Angola também não tardaram. A Associação Angolana dos Direitos do Consumidor vai apresentar uma ação popular coletiva em tribunal, e declara à Lusa que o corte dos canais é uma “violação flagrante dos direitos do consumidor“, pois não respeita as condições de um “pacote previamente pago”. No caso da Zap, não existiu sequer o devido aviso aos consumidores.
Estes episódios não são os primeiros a denunciar as divergências entre a a família dos Santos e os negócios da família Balsemão. As tensões têm emergido na sequência do trabalho jornalístico do grupo Impresa, que tem acompanhado de perto a atividade do regime angolano e os negócios de Isabel dos Santos. O ECO relembra-lhe três dos mais recentes pontos de tensão.
Tensões, por obra do Espírito Santo
Em março deste ano, o escândalo BES/GES voltou ao escrutínio da SIC no terceiro episódio da série de reportagens “Assalto ao Castelo”, com contornos menos favoráveis para o regime angolano. Nesta reportagem, é denunciado o alegado branqueamento de capitais por parte de angolanos “expostos ao poder de José Eduardo dos Santos”, que segundo a correspondência trocada entre o Banco de Portugal e a autoridade de supervisão bancária do Dubai, terão aplicado 750 milhões de dólares no ESBD (banco do Dubai), dos quais 500 milhões acabaram no GES, grupo que reunia as empresas do universo Espírito Santo.
“Angola, um país rico com 20 milhões de pobres”
Este é o título da reportagem apresentada em novembro de 2016 pela SIC Notícias, na qual o canal apresenta as desigualdades no país. Apesar de Angola apresentar um dos maiores crescimentos da economia no globo, a SIC evidenciou as fracas condições de vida permitidas pelo regime: à data 70% da população vivia com menos de dois dólares por dia e sujeita à elevada inflação. A Embaixada de Angola assumiu os problemas mas declarou que preferia ter visto um trabalho sobre “os aspetos positivos do país“.
A mulher mais rica de Angola, rica também em críticas
Quando questionada pelo Expresso a propósito de um artigo de dezembro de 2016, intitulado “Uma fortuna sem passado“, que pretendia um retrato da empresária angolana e da fonte sua fortuna, a agência de comunicação que a representa respondeu da seguinte forma: “Como deve calcular, a engenheira Isabel dos Santos não está disponível para credibilizar uma peça jornalística que, pelas questões suscitadas, aparenta ser apenas um mero reprodutor das campanhas de intoxicação já conhecidas“.
Editado por Pedro Sousa Carvalho (pedro.carvalho@eco.pt)
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