“Não há melhor guardião dos solos e dos recursos hídricos que o agricultor”
A sessão de abertura do 1º Fórum de Agricultura Sustentável contou com a presença de Diogo Agostinho, CFO do ECO, Margarida Oliveira, diretora da ESAS, e António Serrano, ex-ministro da Agricultura.
O 1º Fórum de Agricultura Sustentável decorreu, a 14 de maio, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém. O evento, organizado pelo ECO em parceria com a Câmara Municipal de Santarém, reuniu vários especialistas para discutirem o caminho da agricultura sustentável.
Na sessão de abertura, Diogo Agostinho, Chief Operating Officer do ECO, começou por dizer: “O ECO é um jornal de economia e a agricultura pertence à economia. Nós somos muito mais do que mercados financeiros, somos muito mais do que a vida no centro mais urbano, nós também temos este foco de que a agricultura faz parte da nossa economia, da nossa sociedade. E é muito por isso que decidimos organizar este primeiro fórum”.
Ainda na início da sessão, marcou também presença Margarida Oliveira, diretora da Escola Superior Agrária de Santarém, que explicou que esta é “uma época de mudança”: “Uma mudança em que se preveem os maiores desafios colocados ao setor agrícola. Primeiro, com o crescimento de toda a população, somos chamados a produzir mais com menos. Enquanto a população mundial aumenta, a quantidade de terra arável per capita diminui, as alterações climáticas conduzem a fenómenos meteorológicos extremos, e, nalgumas regiões, a redução da precipitação leva a períodos de seca muito mais longos, sendo fundamental dispor de um plano nacional para o armazenamento e abastecimento eficiente de água”.
Quanto ao que pode ser feito para lidar com estes desafios, Margarida Oliveira apontou “a otimização dos recursos, a saúde do solo, a prevenção da erosão e da compactação do solo, bem como a conservação da água“, no entanto referiu também que os requisitos políticos e legais não têm facilitado estas práticas. “A existência, hoje em dia, de uma legislação europeia que é cada vez mais restritiva, como é o caso do sustentável dos pesticidas, que promove a produção integrada e o modo de produção biológico, mas também a pressão sobre os custos, a questão da regulamentação ambiental, cada vez mais rigorosa, e também a dificuldade ao acesso aos subsídios. Mas não nos podemos esquecer que os alimentos deverão estar a custos acessíveis para todos os cidadãos”, lembrou.
A diretora da Escola Superior Agrária de Santarém acrescentou, ainda, que “a agricultura desempenha um papel central no cumprimento do Pacto Ecológico Europeu, com várias políticas e estratégias que convergem para a produção de uma agricultura e sistemas alimentares sustentáveis – a Estratégia do Prado ao Prato, que está totalmente alinhada com a perspetiva do sistemas alimentares sustentáveis; a agricultura sustentável, que também se encontra na estratégia europeia para a biodiversidade e a estratégia para o solo. Por outro lado, para se avançar para esta transição ecológica, também preconizada na lei de restauro da natureza e recentemente aprovada no Parlamento Europeu, é necessário ter um setor organizado, competitivo e detetor de conhecimento científico e tecnológico, capaz de gerar valor“.
Nesse sentido, António Serrano, ex-ministro da Agricultura e Professor Catedrático na Universidade de Évora, realçou a Política Agrícola Comum (PAC), que permitiu o “acesso a alimentos que garantam a saúde das pessoas e preços baixos para o consumidor, que permitiu tirar a fome na Europa no pós-guerra, que introduziu inovação, tecnologia, o conhecimento na área dos agroquímicos, que permitiu aumentar a produtividade das nossas atividades. Sem tudo isso, não seríamos, à escala europeia, uma atividade que satisfizesse as necessidades da população”.
O ex-ministro fez, também, referência aos protestos que os agricultores têm feito um pouco por toda a Europa. “Temos assistido a grandes protestos dos agricultores na Europa e isso é perigoso no sentido de poder apontar o dedo para a Política Agrícola Comum, mas é preciso referir que a agenda da sustentabilidade foi iniciada por grande pressão das Nações Unidas, com a aprovação para o desenvolvimento da agenda sustentável, onde fixaram os objetivos todos, e é aí que o Green Deal se vai inspirar, é aí que o Green Deal materializa na Europa os objetivos para 2030“, disse.
“O agricultor sempre se adaptou, sempre foi analisando o comportamento do clima e procurando as melhores soluções. Não há melhor guardião dos solos e dos recursos hídricos que o agricultor. E a água e os solos são fundamentais para a agricultura competitiva. Sem esses dois recursos não é possível ter uma agricultura competitiva“, concluiu.
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