Os desafios na transição dos fertilizantes

  • Capital Verde
  • 17 Maio 2024

No 1º Fórum de Agricultura Sustentável, o quarto e último painel de debate abordou os desafios na transição dos fertilizantes.

O município de Santarém recebeu, no dia 14 de maio, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), o 1º Fórum de Agricultura Sustentável, um evento organizado pelo ECO em parceria com a Câmara Municipal de Santarém, que discutiu vários desafios e soluções da agricultura sustentável.

O quarto e último painel do evento, dedicado ao tema “Estratégia Farm to Work: Os desafios na transição dos fertilizantes” e moderado por Shrikesk Laxmidas, contou com a presença de Cristina Cruz, Professora Universitária da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; Pedro Sebastião, Sales Manager AsfertGlobal; e Hartmut Nestler, Diretor Leal & Soares, SA (SIRO).

Os negócios têm de ser sustentáveis economicamente. No caso da SIRO, nós transformamos matéria orgânica da floresta de todo o tipo e voltamos a introduzir na cadeia de valor, na plantação. E grande parte desse projeto foi feito sempre sem apoio financeiro. Foi praticamente autossustentável. Há muita maneira de trabalhar a natureza, que não só investir em grandes máquinas”, começou por dizer Hartmut Nestler.

No entanto, Cristina Cruz, garantiu que a maior problemática está na falta de comunicação entre os diferentes agentes: “A minha visão desta problemática é de uma maior cumplicidade entre os atores. Eu acho que os problemas são tão grandes e tão graves que somos poucos para resolvê-los, então a melhor forma é nós encontrarmos soluções de consílio, em que criamos soluções que não são de todo a melhor para cada um, mas são aquelas que têm o consenso e que são aplicáveis e é o que vai criar impacto. Eu acho que o grande desafio é conseguirmos esta comunicação e estas parcerias”.

Já Pedro Sebastião, da AsfertGlobal reforçou a importância da biotecnologia na transição dos fertilizantes: “Quando falamos de biotecnologia, há este novo conceito de biofertilizantes, onde se utilizam produtos à base de micro-organismos vivos, que conseguem fazer reduções de 20% a 30% da aplicação de adubos convencionais, sem que o agricultor perca rendimento. O que é mais difícil é o agricultor perceber isto e aceitar. Às vezes tem de ser dado um salto de fé”.

Os países do sul têm diminuído, nos últimos 15/20 anos, adubos de síntese. E alguns países do norte ou do leste estão acima porque a utilização destes adubos está a subir. Portanto, eu diria que Portugal nisso é um exemplo. Em relação à utilização dos fertilizantes, nós estamos muito bem. Até acho que somos os melhores ao nível europeu. Na parte de investigação, muito do futuro da nutrição das plantas, que é um fator essencial para a produção, não passaria tanto pelos fitossanitários convencionais, mas sim por melhorar aquilo a saúde do solo, o que levaria a ter plantas mais bem nutridas, e, portanto, mais resistentes ao principal problema que temos hoje na agricultura, que são alterações climáticas”, explicou.

No seguimento deste debate, Daniel Murta, Fundador e diretor geral da EntoGreen, foi ainda fazer uma apresentação sobre o seu projeto Olival Circular, que faz a reutilização do bagaço da azeitona. O objetivo desta solução é, acima de tudo, “devolver à terra nutrientes que, de outra forma, seriam perdidos e conseguir fazer isso retirando aquilo que é uma ameaça, e que, muitas vezes, pode parar os lagares, para o transformar naquilo que nós precisamos: recursos de fertilizantes orgânicos para os solos, mas também nutrientes para a nutrição animal e dar soluções a setores estratégicos. E fazemos isso em grande escala. Em Santarém, a capital dos insetos, já convertemos cerca de 36 mil toneladas de bagaço de azeitona em produtos finais, 2500 toneladas em proteína de inseto, 500 toneladas de óleo de inseto e sete mil toneladas de fertilizante orgânico“.

No final desta apresentação foi, ainda, atribuído o primeiro Certificado Olival Circular à AgriMendes, o parceiro da EntoGreen neste projeto, que, de acordo com Daniel Murta, “viu 100% do seu bagaço de azeitona convertido em proteína ou em fertilizantes“.

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