Bruxelas abre investigação ao aço chinês por concorrência desleal

  • Lusa
  • 16 Maio 2024

“As fábricas chinesas têm inundado o mercado da UE, pelo menos nos últimos quatro anos, a preços de dumping", alerta a Eurofer.

A Comissão Europeia iniciou uma nova investigação antidumping por alegada concorrência desleal de produtos siderúrgicos da China, anunciou a Associação Europeia do Aço, argumentando que “as fábricas chinesas têm inundado o mercado comunitário”, pressionando os produtores europeus.

Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a Associação Europeia do Aço (Eurofer, na sigla inglesa) dá conta de “uma nova investigação antidumping sobre as importações de produtos siderúrgicos estanhados provenientes da China” lançada pela Comissão Europeia, falando num “passo importante para restabelecer condições de concorrência equitativas para os produtores” da União Europeia (UE).

Citado pela nota, o diretor-geral da Eurofer, Axel Eggert, afirma que “as fábricas chinesas têm inundado o mercado da UE, pelo menos nos últimos quatro anos, a preços de dumping, de flandres”, um material laminado composto por ferro e aço e revestido com estanho. Axel Eggert explica que esta situação “exerce uma enorme pressão sobre os produtores da UE, que foram forçados a reduzir os seus preços independentemente da evolução dos custos”.

Uma vez que o aço está no centro de muitas cadeias de valor, o impacto dos produtos siderúrgicos objeto de dumping provenientes de países terceiros não é apenas um problema para o nosso setor, mas é sistémico para a economia e o emprego da UE em geral”, alerta o responsável.

De acordo com a Eurofer, as importações provenientes da China de flandres a preços mais baixos afetam as margens de lucro dos produtores europeus, o que resulta numa redução dos volumes de produção, da utilização da capacidade e da quota de mercado, prejudicando os produtores de aço da UE. “A indústria da UE perdeu um quarto do seu volume de vendas entre 2021 e 2023, enquanto a parte de mercado do consumo da UE absorvida pelas importações chinesas mais do que duplicou no mesmo período”, adianta a associação na nota.

Há duas semanas, a propósito da visita do Presidente chinês à Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vincou que a UE “não pode” continuar a aceitar avultadas subvenções chinesas, que causam concorrência desleal face a empresas europeias, vincando que os desequilíbrios comerciais “têm de ser resolvidos”.

O anúncio de hoje surge numa altura em que a UE realiza várias investigações a alegadas subvenções chinesas ilegais a empresas que operam no bloco comunitário. Em causa está desde logo uma recente investigação a suspeitas de comércio desleal de biocombustível proveniente da China no mercado único, com Bruxelas a impor medidas retaliatórias, como tarifas aduaneiras, caso se verifique dumping (venda a preço inferior ao de custo).

Estão ainda a ser analisados alegados subsídios ilegais a fabricantes chineses de turbinas eólicas em Espanha, Grécia, França, Roménia e Bulgária. Mais avançada está a investigação iniciada em outubro passado às subvenções estatais chinesas a fabricantes de automóveis elétricos, veículos que entraram rapidamente no mercado da UE e que são vendidos a um preço bastante menor que os dos concorrentes comunitários.

Em 2022, as trocas comerciais europeias com a China foram marcadas por um défice comercial de cerca de 396 mil milhões de euros, um máximo de pelo menos 10 anos, dadas as importações comunitárias de 626 mil milhões de euros e as exportações para o bloco chinês de 230 mil milhões.

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