Direto Alianças europeias, von der Leyen e extrema-direita colocam Temido e Bugalho em confronto direto
No quinto debate para as eleições europeias, Marta Temido e Sebastião Bugalho trocaram acusações em tom aquecido. Alianças democráticas, extrema-direita e von der Leyen no centro do debate.
As alianças europeias estiveram no centro do quinto “debate quadrangular” para as eleições europeias, que colocou Marta Temido e Sebastião Bugalho como protagonistas num confronto direto que contou, também, com a participação de António Tânger-Corrêa e João Oliveira.
À semelhança de anteriores debates, a defesa e imigração também voltaram a estar em cima da mesa, simultaneamente com a habitação e os trabalhos no Parlamento Europeu na próxima legislatura, que valeram uma troca de acusações entre os cabeças de lista da Aliança Democrática (coligação que junta o PSD, CDS e PPM), PS – dois partidos europeístas –, Chega e CDU (coligação entre o PCP e os Verdes) – eurocéticos.
Bugalho em defesa de von der Leyen e Chega admite trocar de família
Mesmo não estando presente na sala, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e recandidata pelo PPE (família do PSD) ao cargo na próxima legislatura, foi um dos temas de debate desta noite e o principal motivo de colisão entre Sebastião Bugalho e Marta Temido. Depois de a sptizenkandidat dos sociais-democratas ter admitido, no início do mês, estar disponível para negociar com os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla em inglês), se for eleita na próxima legislatura, a cabeça de lista do PS urgiu que o candidato pela AD esclarecesse se essa posição será refletida a nível nacional, acusando a coligação de ter no “seu seio partidos que são anti-europeístas e que querem referendar a permanência na UE”, falando do PPM.
“Von der Leyen admite parcerias com estas forças políticas. E AD parece viver bem com isso“, acusou Marta Temido, criticando a presidente da Comissão Europeia de não saber “de que lado está no combate”: entre partidos pró-Ocidente e partidos pró-Rússia.
O candidato pela AD recorreu da ironia para responder a Temido. “Ou ouvi mal ou Marta Temido pode ter-se expressado mal. Marta Temido não pode acreditar que von der Leyen está mais do lado dos que estão com Putin do que daqueles que estão ao lado da democracia”, defendeu Bugalho, insistindo na diferenciação entre o ECR e o Identidade e Democracia (ID).
“Não fosse Ursula von der Leyen, a Ucrânia já tinha sido derrotada”, atirou. E embora não tivesse justificado a abertura de von der Leyen à direita conservadora radical no hemiciclo europeu, Bugalho aproveitou para apontar dedos aos socialistas europeus. “A extrema-direita ameaça a democracia. Mas a AD não pode aceitar lições de moral da parte do PS. Os socialistas na Europa votaram juntos 37% das vezes no último mandato”, diz, o que representa segundo o próprio 823 votações.
Ainda no tópico da extrema-direita, António Tânger-Corrêaa fez a sua intervenção inicial com um apelo: “É profundamente errado dizer que o Chega é de extrema-direita”, disse o cabeça de lista, dizendo que o partido liderado por André Ventura “repudia ideologias caducas que estão mais perto do PCP” e “é um partido conservador e que não é a favor de Putin”.
Face a este esclarecimento, o candidato pelo Chega foi questionado (também pelos restantes colegas de painel) se o partido admitia trocar de família europeia. Tânger-Corrêa afirmou que neste momento estão a decorrer “negociações” entre os partidos que compõem o ID e o ECR que poderão permitir fazer “aumentar a base de apoio conservadora em que o Chega se insere” no futuro.
O esclarecimento acontece depois de o Reagrupamento Nacional, partido de Marine Le Pen atualmente liderado por Jordan Bardella, ter anunciado que se não se sentará ao lado do partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemã) na próxima legislatura, no próximo Parlamento Europeu. Os dois partidos integram a família Identidade e Democracia (ID), do qual o Chega também faz parte, desde 2020.
“Vai seguramente haver negociações sobre as várias plataformas políticas”, diz o candidato que diz que a posição de Le Pen sobre AfD é um game changer. E sobre a possibilidade de o ECR e o ID se juntarem no próximo hemiciclo, o diplomata não esclarece: “Não excluo o que não quer dizer que considero”, remata.
João Oliveira, por seu turno, não poupou nas críticas, começando por dizer que existe “uma sã convivência da União Europeia com a extrema-direita”, e acusando a “extrema-direita de ter um projeto profundamente reacionário” e de “mascarar esse discurso” para colher apoios eleitorais. O candidato comunista insistiu que “o único combate” à extrema-direita deve ser feito pelo “aprofundamento da democracia”, argumentando que a direita radical faz uma “apropriação de reivindicações justas”.
Habitação leva a troca de acusações entre PS e AD
Confiantes de que serão eleitos na próxima legislatura, todos os candidatos já definiram prioridades quanto aos seus mandatos.
Para Sebastião Bugalho, que faz a sua estreia no campo político depois de uma carreia de comentador, a intenção (se for eleito) será de integrar a comissão de políticas externas e constitucionais, admitindo ter “uma afeição” por temas ligados à política externa e ao alargamento. “Teria todo o gosto de fazer parte dessa discussão no Parlamento Europeu“, admitiu.
Por seu turno, Marta Temido não se comprometeu com nenhuma comissão de for eleita, dizendo apenas que na lista de candidatos do PS às europeias “será feita uma distribuição” com base na experiência de cada um. No entanto, deixou uma garantia: a habitação e os jovens são prioridade para o PS em Portugal e na Europa.
É nesta matéria que os dois cabeças de lista voltam a trocar acusações. Sebastião Bugalho recorda que no manifesto da AD às eleições, a coligação definiu como objetivo inscrever na Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia o direito à habitação, e por isso questiona Temido sobre se votará a favor da medida, se for debatida no hemiciclo, em Bruxelas.
Depois de alguma resistência, a candidata do PS respondeu que sim, mas sem antes provocar o candidato da AD: “O que é que isso resolve?”, sugerindo que a medida obrigaria a uma revisão dos Tratados – algo que Bugalho contestou, acusando a candidata de dizer “inverdades” – e que uma “resolução não constrói casas”.
Foi neste momento que João Oliveira intrometeu-se na discussão, acusando os dois partidos de votar “sempre da mesma maneira”. Mas ficou-se por aí nas acusações contra Temido e em Bugalho. Para o candidato comunista, a prioridade no próximo mandato será de integrar a comissão de emprego e assuntos sociais, apontando baterias para a procura de medidas que garantam o “pleno emprego”.
Já do lado do Chega, o foco estará na comissão de agricultura e pescas e na luta contra a corrupção, sem se esquecer do trabalho que pretende levar a cabo nas matérias relacionadas com a imigração.
“Queremos uma reformulação da Política Agrícola Comum para apoiar os pequenos e médios agricultores. Somos contra o Pacto Migratório porque ataca a soberania dos países. E, não acusando nenhum dos outros partidos, sabemos que existem bastantes casos da corrupção. A corrupção é o pior cancro que existe”, rematou.
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