Altri ameaça desistir de investimento na Galiza. “Não fazemos investimentos onde não os querem”

Altri avisou que, se nos próximos meses, não obtiver declaração ambiental e 250 milhões em fundos europeus desiste do projeto. Se avançar compromete-se com outro investimento de mil milhões no futuro.

Quase três anos após ter anunciado um memorando de entendimento para avançar com a construção de uma biofábrica de fibras sustentáveis na Galiza, o megacomplexo industrial projetado pela Altri no país vizinho continua sem sair do papel, com o projeto da papeleira portuguesa a enfrentar grande contestação por parte de forças políticas e organizações da sociedade civil na região espanhola. Caso não consiga obter nos próximos meses as autorizações necessárias e o financiamento de fundos europeus, a Altri ameaça deixar cair o investimento: “Não fazemos investimentos onde não os querem”.

A Altri prevê um investimento superior a 850 milhões de euros para a construção de raiz de uma unidade com capacidade para produzir anualmente 200 mil toneladas de pasta solúvel e 60 mil toneladas de fibras têxteis sustentáveis (lyocell). O Projeto Gama, como foi batizado, foi impulsionado pelo consórcio público-privado Impulsa Galicia, controlado pelo governo regional (Xunta) e pelo Abanca, que desafiou a empresa portuguesa a executá-lo na localidade de Palas de Rei (Lugo). Contudo, este investimento tem sido tudo menos pacífico.

O projeto arquitetado pelo grupo português tem sofrido a oposição de vários grupos, que contestam os impactos ambientais do projeto e estão a pressionar o governo central para recusar a atribuição do financiamento público necessário para a viabilização da fábrica.

A empresa portuguesa tem negado as acusações feitas ao seu projeto e fez um ultimato: caso não obtenha até ao final do ano a declaração ambiental aprovada e o financiamento que está a negociar com o Governo central, à volta de 215 milhões de euros, através dos fundos europeus da bazuca espanhola, a Altri ameaça deixar cair este projeto.

“Não fazemos investimentos onde não são desejados”, afirmou esta segunda-feira José Pina, numa conferência de imprensa realizada em Santiago de Compostela, na qual lembrou que o grupo que “está integrado e tem excelente relacionamento com as comunidades que nos hospedam em todas as localidades que temos hoje”, adiantou, citado pelo Expansión.

Referindo-se às críticas sobre o impacto ambiental do projeto Palas, Soares de Pina questionou se é sustentável “produzir fibras solúveis no Brasil, enviá-las para a Tailândia para fazer lyocell; levá-las para a China, talvez; para a Turquia para o tecido e para Espanha ou Portugal para fazer a peça.”

O CEO da Altri explicou que a sua empresa optou por localizar o megaprojeto na Galiza, em vez de Portugal, “por causa do excedente de eucalipto” que é gerado na comunidade e reiterou que seria a primeira fábrica no mundo que integra os dois processos necessários à produção de lyocell, cujas propriedades o tornam uma alternativa sustentável a outras fibras como o poliéster ou mesmo o algodão.

“O Gama não é um projeto português, é um projeto galego e o maior investimento industrial feito na Galiza nos últimos 50 anos e sem precedentes na província de Lugo”, afirmou o líder da Altri, que avançou outro investimento de mais mil milhões de euros num futuro próximo, caso o projeto se concretize.

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