“Fico muito lisonjeado com o comentário.” CEO da TAP reage às escutas a Costa

O presidente da companhia aérea afirmou no Parlamento que não conhece o ex-primeiro-ministro e que nunca falou com ele.

“Fico muito lisonjeado com o comentário”, afirmou o presidente da TAP no Parlamento sobre as escutas a António Costa no âmbito do processo Influencer, em que o ex-primeiro-ministro dá indicação ao então ministro das Infraestruturas, João Galamba, para demitir a ex-CEO e afirma já ter um substituto, “um gajo muito bom”.

Luís Rodrigues, que está a ser ouvido pelos deputados da Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação sobre a situação financeira da companhia aérea, foi questionado pelos deputados Filipe Melo, do Chega, e Gonçalo Laje, do PSD, sobre o conteúdo das escutas divulgadas pela CNN Portugal e o Correio da Manhã.

Na chamada com o ex-ministro das Infraestruturas, António Costa diz ter “um gajo muito bom”, o então presidente executivo da SATA, Luís Rodrigues, como o substituto de Christine Ourmières-Widener na liderança da TAP. “É um fator de tranquilidade e descompressão”, elogia o chefe do governo socialista. “E ele aceita?”, questionou depois Galamba, ao que António Costa responde que sim, acrescentando que já tinha falado “com o Fernando [Medina]”.

“Fico muito lisonjeado com o comentário”, respondeu o atual presidente da TAP aos deputados. “Não conheço António Costa, nunca falei com ele por qualquer meio. Tudo o resto passa-me completamente ao lado”, afirmou.

Filipe Melo afirmou durante os trabalhos da comissão que o Chega entregou um requerimento para a audição urgente de António Costa e de João Galamba.

A TAP fechou o exercício de 2023 com um lucro recorde de 177 milhões de euros, mas os últimos três meses do ano saldaram-se num prejuízo de 26,2 milhões, devido ao aumento dos custos com pessoal resultantes da retirada dos cortes salariais impostos após a pandemia e das novas condições acordadas com os sindicatos. Um impacto que se repetiu no primeiro trimestre de 2024, com a companhia aérea a somar um prejuízo de 71,9 milhões.

Luís Rodrigues afirmou que a companhia aérea “tinha uma estrutura de custos anormalmente baixa e que não era sustentável” e que refletia “uma enorme falta de investimento na companhia a todos os níveis nos 5 anos anteriores”.

“O primeiro trimestre de 2024 tem três notas que quero deixar, uma pública, uma semipública e uma não pública. A pública é que aritmeticamente os números imputam aos custso com pessoal o aumento ligeiro do prejuízo. Não era de forma nenhuma expectável que o corte de custos com pessoal se mantivesse entre 20% e 40%”, começou por apontar o CEO.

“Aquilo que não é informação pública (…) é que à data de hoje não temos nenhuma indicação de que não vamos cumprir o orçamentado para este ano. Não temos preocupação sobre esse tema”, sublinhou.

Por fim, o semipúblico, é que “se compararmos a rentabilidade da TAP em 2023 com as companhias dos EUA e Europa com contas públicas, a TAP ficou colocada no primeiro terço de melhores resultados da indústria. Em 2024, Portugal consolidou a posição no primeiro terço dos melhores resultados, apesar dos prejuízos”, argumentou face às questões dos deputados sobre os prejuízos na empresa.

A TAP é uma empresa pública e enquanto empresa pública o seu objetivo não é maximizar lucro, mas ser sustentadamente rentável.

Luís Rodrigues não quis fazer comentários sobre um possível relançamento da privatização da TAP, depois de recentemente ter defendido esse caminho em entrevista ao Financial Times, o que mereceu críticas da tutela.

O CEO da companhia aérea salientou, no entanto, que “a TAP é uma empresa pública e enquanto empresa pública o seu objetivo não é maximizar lucro, mas ser sustentadamente rentável, enquanto cumpre a sua missão de empresa pública”.

Luís Rodrigues explicou ainda o pagamento de seis salários extra aos pilotos, no âmbito da renegociação do novo acordo de empresa. Uma soma que decorre da penalização pela utilização pela TAP de voos operados pela Portugália, em regime de ACMI (aluguer de aviões, incluindo os pilotos, tripulação, manutenção e seguros). Um pagamento que fica “suspenso” com o novo entendimento com os pilotos: “No futuro próximo não vemos que se venha a repetir”.

O CEO da companhia aérea afirma que o recurso a ACMI em 2022 e 2023 resultou de um défice de organização e que o recurso será apenas pontual, caso exista um imprevisto com uma aeronave.

(artigo atualizado às 18h)

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