EDP está “confortável” com estrutura e não planeia integrar Renováveis na “casa-mãe”, diz CEO

O CEO da energética disse que a estrutura atual, com a EDPR separada e cotada, não só dá visibilidade ao negócio como também "tem sido uma boa forma de levantar capital".

A EDP EDP 0,00% e a subsidiária EDP Renováveis EDPR 0,00% foram no mês passado obrigadas a rever em baixa os seus planos de investimento, para os ajustar às condições de mercado mais difíceis, mas o grupo não planeia integrar as duas empresas, porque a Renováveis atrai visibilidade e capital como entidade separada e cotada, explicou o CEO das duas empresas, Miguel Stilwell de Andrade.

Questionado se uma fusão, com a integração da EDP Renováveis na ‘casa mãe’, é analisada pelo board, o CEO disse que “obviamente é sempre uma opção”, mas adiantou que “o ponto aqui é que estamos confortáveis com a atual estrutura, portanto, só vamos mudar a estrutura, uma coisa que funciona, se houver condições boas para fazê-lo, se os prós forem maiores que os contras”.

Stilwell falou aos jornalistas no final da segunda edição da conferência “We Choose Earth Tour”, organizada pela empresa esta quinta-feira em Munique, Alemanha, que conta com líderes globais e empresários para debater um futuro mais sustentável para o planeta.

A EDP, em 2017, lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis, mas não teve sucesso.

Até este momento não houve condições para isso, não achámos que era oportuno, e, portanto, não temos nenhuns planos para voltar em integrar as duas”, salientou Stilwell de Andrade esta quinta-feira.

“Aliás, a EDP Renováveis têm momentos melhores e piores, mas a verdade é é que é das poucas empresas puras de renováveis que existe no mercado“, adiantou. “Há muitas delas, aliás, que já entraram na bolsa, já saíram da bolsa, e a EDP Renováveis tem-se mantido, e isso, para além de dar bastante transparência e visibilidade aos ativos e ao negócio, também tem sido uma boa forma de levantar capital”.

Stilwell de Andrade sublinhou que no ano passado a EDPR “levantou” mil milhões de euros na EDPR Renováveis, e, há três anos, 1.500 milhões de euros.

Nos últimos mesmos três anos, entre a EDPR e a EDPR Renováveis, levantámos 4.000 e 4.500 milhões de euros de capital. Portanto, quando se fala que as empresas portuguesas não estão capitalizadas, a verdade é que isso é mais do que a capitalização bolsista da maior parte das empresas portuguesas”, adiantou.

“Temos tido essa capacidade de atrair capital para ir crescer, e obviamente ter as duas, por agora, tem sido muito positivo”, explicou.

Jogar no meio campo

Pressionadas pela forte queda dos preços da energia, especialmente na Europa, e a manutenção de um ambiente de taxas de juro altas, entre outros fatores, as duas empresas cortaram em maio os planos de investimento até 2026.

A EDP explicou que irá fazer uma desaceleração do investimento, com 17 mil milhões de euros de investimento bruto, e que irá aplicar “critérios de investimento seletivos e disciplinados, priorizando o retorno sobre o volume”, enquanto cortou o plano em três mil milhões de euros.

Stilwell de Andrade justificou esta quinta-feira a decisão: “Qualquer negócio tem que ser realista e procura maximizar e acelerar ao máximo o seu potencial de crescimento.”

“Estamos num mundo onde, claramente, o custo de capital está muito mais alto, o preço de energia está mais baixo e, portanto, nós ajustámos, em função do nosso balanço, em função também destas perspetivas que nós vemos, ajustámos o nosso plano de investimento, que, ao mesmo tempo, continua a ser dezenas de milhares de milhões de euros ao longo deste período, até 2026″, adiantou.

“Ajustámos isso em função das condições de mercado e, aliás, isso foi reconhecido pelos investidores. Quando comunicámos as novas metas, que eram mais baixas, as nossas ações subiram”, disse.

Questionado se a EDP passou de uma estratégia de estar ao ataque para estar mais à defesa, o CEO respondeu: “Utilizando essa analogia, nós temos de ganhar o campeonato.”

“Às vezes, é preciso jogar entre o ataque e a defesa, mas, acima de tudo, temos de estar focados no objetivo final, que é ganhar o campeonato”, rematou o CEO em Munique, uma das cidades que acolhe o Euro 2024 de futebol masculino sénior.

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