Fábrica da Indorama em Sines vai estar parada durante um ano. Já perdeu 40% dos trabalhadores
A antiga Artlant, comprada pelo grupo tailandês em 2017, está em lay-off desde outubro do ano passado. Dos 134 funcionários que tinha antes do início da paragem, apenas 80 continuam na empresa.
A fábrica da Indorama Ventures de Sines, comprada pela multinacional tailandesa à CGD por 28 milhões de euros no final de 2017, vai manter o lay-off, iniciado em outubro, pelo menos durante um ano. A empresa justifica a decisão com as pressões macroeconómicas e a concorrência que o setor enfrenta, garantindo que está a falar com os trabalhadores para minimizar o impacto desta medida. Ainda assim, desde o início do lay-off, 40% dos funcionários já abandonaram a empresa.
“Tomámos a decisão de suspender temporariamente a produção nesta fábrica até 30 de setembro de 2024, em acordo com o Conselho de Empresa local e a Segurança Social portuguesa“, confirmou ao ECO fonte oficial da multinacional tailandesa. A fábrica de Sines da Indorama iniciou em outubro do ano passado um lay-off que engloba a paragem da produção durante “seis meses renováveis por igual período” e o pagamento de 66% do salário aos trabalhadores por parte da Segurança Social.
Tomámos a decisão de suspender temporariamente a produção nesta fábrica até 30 de setembro de 2024.
“A indústria do ácido tereftálico purificado [matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar, como garrafas para bebidas] tem sido sujeita a pressões competitivas e macroeconómicas sem precedentes, acompanhadas de aumento de custos e importações de baixo custo. Isto aplica-se ao nosso negócio em Sines, Portugal”, justifica a empresa, em declarações escritas enviadas ao ECO.
A antiga Artland, criada pelos espanhóis da La Seda para o projeto petroquímico em Sines, passou de um Projeto de Interesse Nacional (PIN) para um Processo Especial de Revitalização (PER) que desabou em falência. Deixou muitos milhões de euros por cobrar, com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como o principal credor.
A aquisição pela empresa tailandesa, no final de 2017, trouxe a esperança de um renascimento da fábrica. O grupo anunciou um investimento de 150 milhões de euros para que a produção fosse retomada no segundo semestre de 2018. E, segundo a AICEP, gestora do parque industrial e logístico onde estão instaladas várias unidades da indústria petroquímica, a empresa, que empregava na altura mais de 100 trabalhadores, previa aumentar “em 10% a força de trabalho”.
Os trabalhadores não sabem qual vai ser o futuro após outubro.
Seis anos depois, o futuro da companhia não poderia ser mais incerto, com a empresa tailandesa a manter tudo em aberto sobre o que irá acontecer com a petroquímica de Sines, após outubro. “Os trabalhadores não sabem qual vai ser o futuro“, refere ao ECO Hélder Guerreiro, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul). O dirigente sindical mostra-se preocupado com a situação dos trabalhadores, que estão a receber 66% do salário. Uma situação que tem levado muitos a procurar outras alternativas de trabalho.
Segundo adianta Hélder Guerreiro, a Indorama conta atualmente com 80 trabalhadores, menos 40% do que os 134 funcionários abrangidos pelo lay-off, no início deste processo, quando a multinacional tailandesa decidiu suspender a produção de ácido tereftálico purificado na fábrica de Sines.
Desde o início do lay-off saíram várias dezenas de trabalhadores da fábrica da Indorama de Sines. A petroquímica conta atualmente com cerca de 80 trabalhadores, abaixo dos mais de 130 que empregava à data do arranque do lay-off.
“Estamos a trabalhar diretamente com os nossos colaboradores, os seus representantes e as principais partes interessadas nacionais para minimizar o impacto deste ciclo económico negativo“, salienta, por outro lado, fonte oficial da empresa. “Informaremos os funcionários e as principais partes interessadas caso haja alguma atualização”, acrescenta.
Com uma capacidade de produção de 700 mil toneladas por ano, a unidade de Sines é uma das mais de 100 fábricas detidas pela Indorama a nível global. Em relação ao futuro da empresa em Portugal, o grupo diz que “todas as opções estão em cima da mesa”, explica Hélder Guerreiro. As justificações que têm recebido da empresa apontam que a produção na Europa não é rentável. O sindicalista refere ainda que uma fábrica idêntica à de Sines, detida pelo grupo na Holanda, já foi encerrada. “Muito provavelmente aqui vai acontecer o mesmo”, lamenta.
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