BRANDS' CAPITAL VERDE “Precisamos de normas globais comparáveis que permitam a colaboração intersetorial”
Em entrevista ao ECO, Uta Jungermann, Director, Member Engagement & Global Network & Member of the WBCSD Extended Leadership Group, partilha algumas dicas para acelerar a economia circular.
O BCSD Portugal organiza a Conferência BCSD Portugal 2024, que terá lugar no próximo dia 3 de julho, na Cordoaria Nacional, em Lisboa. Sob o tema “Empresas com futuro: Como navegar para uma economia sustentável e justa?”, o evento vai reunir líderes empresariais e especialistas de diversos setores para discutir o tema.
Os participantes irão abordar a relação entre os fatores internos e externos de sustentabilidade e a economia regenerativa. A conferência também discutirá como a diversidade nas empresas pode impulsionar uma economia competitiva, os desafios iminentes para as empresas e o planeta, e as maneiras de desbloquear financiamento e aproveitar o poder das alianças para atingir os objetivos propostos.
Uta Jungermann, Director, Member Engagement & Global Network & Member of the WBCSD Extended Leadership Group, é uma das oradoras que vai marcar presença na conferência e partilhou, em entrevista ao ECO, alguns dos principais desafios associados à economia circular e como os ultrapassar.
A economia circular é o caminho a seguir, mas continua a colocar enormes desafios às empresas. O que pode ser feito para acelerar a mudança necessária?Vemos dois desafios principais para as empresas em relação à economia circular. Não existe uma abordagem unificada e comparável para medir e divulgar os esforços de circularidade. Ao mesmo tempo, o panorama regulamentar é, até certo ponto, imaturo, embora esteja a evoluir rapidamente.
Para impulsionar ações e soluções que acelerem a mudança para uma economia circular, precisamos de normas globais comparáveis que permitam a colaboração intersetorial e entre cadeias de valor, a atribuição de capital e o apoio ao desenvolvimento de políticas. As empresas precisam de orientações claras sobre como medir, reportar e divulgar o seu desempenho em termos de circularidade e definir objetivos cientificamente fundamentados. Essas práticas padronizadas facilitarão a comparabilidade, permitindo que o setor financeiro e outras partes interessadas comparem o desempenho e aumentem as ambições. Da mesma forma, os formuladores de políticas precisam de insights sobre alavancas políticas práticas para lidar com os obstáculos que impedem as empresas líderes de escalar e acelerar sua transição circular.
O nosso objetivo é colmatar esta lacuna através do Protocolo Global de Circularidade (GCP) para as empresas, que será o quadro de ação de referência para orientar as empresas na definição de objetivos, medição, comunicação e divulgação dos progressos em matéria de eficiência de recursos e circularidade, combinado com orientações políticas abrangentes e específicas, a fim de acelerar a mudança para negócios dentro dos limites do planeta.
Esta iniciativa, liderada pelo WBCSD e pela One Planet Network, parte do Programa Ambiental das Nações Unidas, é um processo abrangente, plurianual e multi-interveniente que já reuniu a participação de mais de 75 empresas intersetoriais, parceiros do meio académico de todos os continentes, ONG e decisores políticos.
As relações entre os vários fatores tendem a ter uma dimensão local/nacional ou global? As empresas podem crescer em conjunto criando ligações em diferentes geografias? Como?Há uma série de considerações fundamentais, seja a variação global na transição circular, incluindo a economia informal, a necessidade de uma linguagem comum, incentivos à partilha de dados, financiamento e desenvolvimento de competências. É importante que as empresas aumentem a colaboração entre setores, assumam a responsabilidade de permitir práticas circulares nas suas operações globais e cadeias de abastecimento. Utilizar indicadores holísticos para captar os efeitos das práticas circulares em toda a cadeia de valor e garantir dados disponíveis, acessíveis e fiáveis sobre a cadeia de abastecimento para medir o impacto. Envolver-se com os formuladores de políticas para defender regulamentações de apoio que incentivem práticas de economia circular e removam barreiras à implementação em diferentes regiões. Facilitar colaborações e parcerias transfronteiriças para partilhar recursos, tecnologias e conhecimentos, permitindo uma adoção mais eficaz e generalizada de práticas de economia circular. Permitir que os clientes participem na economia circular, fornecendo informações fiáveis e desenvolvendo infraestruturas que facilitem os comportamentos circulares.
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