Deputados rejeitam audição de Costa e Galamba sobre demissão da ex-CEO da TAP. Chega avança com requerimento potestativo

PS e PSD rejeitaram o requerimento para ouvir António Costa e João Galamba sobre a demissão da ex-CEO da TAP. Chega vai entregar um requerimento potestativo.

Os deputados da Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação chumbaram o requerimento do Chega para ouvir António Costa e João Galamba na sequência da divulgação das escutas em que o ex-primeiro-ministro dá a indicação ao antigo ministro das Infraestruturas para a demissão de Christine Ourmière-Widener da liderança da TAP, invocando motivos políticos.

O requerimento foi rejeitado com os votos contra de PS e PSD e a abstenção do PAN. Chega e Iniciativa Liberal votaram a favor.

Filipe Melo, deputado do Chega, anunciou no final da votação que o partido “vai avançar com um requerimento potestativo que será enviado à comissão após o almoço”, para garantir a audição do futuro presidente do Conselho Europeu, cuja nomeação deverá ser ratificada esta semana, e de João Galamba.

Numa escuta telefónica no âmbito da “Operação Influencer”, revelada a 18 de junho pela CNN Portugal e o Correio da Manhã, António Costa foi escutado a assumir a necessidade de despedir Christine Ourmières-Widener.

O telefonema em causa, entre o então primeiro-ministro e João Galamba, que tutelava a pasta das Infraestruturas, aconteceu em 5 de março do ano passado, às 18h12, numa altura em que o executivo socialista se via confrontado com a polémica indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis, ex-administradora executiva da companhia aérea portuguesa. “Se isto se torna num inferno é ela [Christine Ourmières-Widener] ou nós. Já falei com o Fernando [Medina, então ministro das Finanças] e politicamente nós não nos safamos mantendo a senhora, nem a senhora se safa politicamente“, assumiu António Costa.

Filipe Melo justificou o requerimento com a necessidade de esclarecer as motivações para o despedimento da antiga CEO da TAP, acusando João Galamba de “mentir” na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a companhia aérea.

O deputado do Chega considerou ainda que o teor das escutas “vem dar mais ênfase e legitimidade ao processo que Christine Ourmières-Widener tem em curso no tribunal contra o Estado português”, em que exige uma indemnização de 5,9 milhões de euros. “Um capricho e uma vontade política do antigo primeiro-ministro pode lesar o estado em mais de 6 milhões de euros. Por isso queremos ouvir o senhor ex-primeiro-ministro e o senhor ex-ministro”, afirmou.

O partido liderado por André Ventura retirou do requerimento a referência às escutas. “Estando ou não a palavra ‘escutas’ no requerimento, sabemos que escutas serem tornadas públicas é uma violação da lei”, afirmou Hugo Costa do PS, justificando o repúdio em relação ao requerimento do Chega.

“Somos os mais acérrimos críticos do Governo e do processo de demissão”, mas “não aprovamos requerimentos com base na divulgação ilegal de escutas”, defendeu também o PSD.

Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, também condenou a divulgação das escutas, mas considerou que “não podemos fingir que conteúdo não está disponível. Até para dar oportunidade de defesa a essas pessoas”.

Filipe Melo ainda acusou o PS de pedir o adiamento da votação do requerimento devido ao melindre político da matéria, o que os socialistas rejeitaram. O presidente da Comissão confirmou que não deu entrada qualquer pedido de adiamento. “Mentir de forma descarada na Comissão não é possível”, disse Hugo Costa.

(Artigo atualizado às 13h40)

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