Turismo de massas alvo de protestos em várias regiões de Espanha
Málaga, no sul de Espanha, junta-se no sábado a outras cidades do país que têm sido palco de manifestações com dezenas de milhar de pessoas contra o turismo de massas e o difícil acesso à habitação.
Málaga, no sul de Espanha, junta-se no sábado a outras cidades do país que têm sido palco de manifestações com dezenas de milhar de pessoas contra o turismo de massas e o difícil acesso à habitação.
Espanha é o segundo destino turístico do mundo, depois de França, e recebeu 86 milhões de visitantes estrangeiros em 2023, segundo estatísticas oficiais.
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística revelam que o turismo representou 11,6% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol em 2022 e gerou mais de 1,9 milhões de postos de trabalho no mesmo ano.
Apesar do peso na economia, as populações de regiões espanholas com mais turismo têm-se manifestado nos últimos meses por causa daquilo que consideram ser uma saturação da atividade, com esgotamento de recursos ou impactos graves no mercado da habitação.
As ilhas Canárias, no atlântico, onde vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, viveram em 20 de abril uma jornada de protestos contra o turismo de massas que os meios de comunicação social espanhóis classificaram como histórica, por causa da dimensão das manifestações.
Segundo os organizadores, mais de 130 mil pessoas manifestaram-se só em Tenerife e Gran Canária (56 mil em todo o arquipélago, segundo as autoridades)
As manifestações tiveram como lema “As Canárias têm um limite”, com os organizadores a sublinharem a saturação, com turistas, de estradas ou espaços naturais, ao mesmo tempo que os residentes assistem a uma escalada de preços das casas e se mantêm altos níveis de pobreza nas ilhas ou salários baixos.
As Canárias, um dos principais destinos do turismo em Espanha, tem dos salários médios mais baixos de Espanha, só superior ao da região da Extremadura.
Os organizadores dos protestos pediram a suspensão da autorização de novos hotéis e outros alojamentos turísticos, a criação de uma ecotaxa ou a regulamentação da compra de casas por estrangeiros.
Dois dias depois das manifestações, o presidente do governo regional, Fernando Clavijo, reconheceu haver fragilidades no modelo económico das Canárias e a necessidade de rever o modelo turístico.
Segundo Calvijo, a região tem “mais de 70 peritos universitários a colaborar em 14 de grupos de trabalho dedicados ao desenvolvimento económico sustentável e à revisão do modelo turístico” e prometeu medidas concretas “para corrigir a questão da habitação e do arrendamento de férias”.
Outro arquipélago, as Baleares, no Mediterrâneo, onde vivem cerca de 1,2 milhões de pessoas, recebeu 14,4 milhões de turistas em 2023, segundo estatísticas oficiais.
Em 25 de maio, um manifestação na capital do arquipélago, Palma de Maiorca, mobilizou pelo menos 10 mil pessoas, segundo as autoridades, em protesto contra os impactos do turismo de massas, ao mesmo tempo que se sucediam nas televisões espanholas reportagens com dezenas e dezenas de trabalhadores nos serviços públicos ou na hotelaria a viver em tendas e caravanas por não conseguirem pagar uma casa.
Nas reportagens surgem ainda casos de donos de hotéis e restaurantes que optaram por comprar ou arrendar casas nas ilhas para alojarem trabalhadores e assim garantirem a mão-de-obra necessária para manterem os negócios em funcionamento.
A par da manifestação de Málaga, no sábado, há outra convocada para Barcelona, no nordeste de Espanha, para 6 de julho, para pedir limites ao turismo”.
Na semana passada a autarquia de Barcelona anunciou que não vai conceder mais licenças para alojamento local e que não renovará as que existem, o que acabará com os apartamentos para turistas no final de 2028.
Barcelona tem atualmente 10.101 alojamentos locais oficialmente registados e um dos objetivos é que entrem no mercado de habitação, tanto de arrendamento como de venda, disse o autarca Jaume Collboni.
Segundo o presidente do município, nos últimos dez anos, o arrendamento de casas em Barcelona subiu 68% e o de venda 38%.
Collboni disse ser por isso necessário aumentar a oferta e continuar com as medidas de regulação dos preços das rendas, “para os preços não subirem tanto ou começarem a baixar e as pessoas não terem de deixar a cidade”.
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