Lés-a-Lés 2017 | Dia 1 da volta a Portugal

  • ECO + BONS RAPAZES
  • 16 Junho 2017

O roteiro? Lisboa – Vila Pouca de Aguiar – Fundão o que, em contas redondas dá 680km + 450km. O ECO anda na estrada com o Bons Rapazes desde 13 de junho.

De Vila Pouca de Aguiar ao Fundão são mais de 1000 quilómetros. Tiago Froufe, do Bons Rapazes, fez o percurso, de mota, em dois dias. Conta tudo, com direito a curvas e contra curvas.

Dia 1 do Lés-a-Lés

Vila Pouca de Aguiar ao Fundão. Eram 6h30 da manhã já nos estávamos a compor a mesa do pequeno-almoço. A ansiedade para arrancar e iniciarmos a aventura a que nos tínhamos proposto há uns meses era alguma. É estranho, ao mesmo tempo que sentimos esta vontade de nos lançarmos à viagem sentimos o cansaço a aumentar, hora após hora o calor a testar-nos mas continuamos a querer rodar punho.

Saímos os 4 ao encontro dos restantes riders do Lés-a-Lés. Ao longo do percurso vão-se sempre juntando mais alguns que têm o mesmo destino e que são sempre bem-vindos à caravana. Sem tempo a perder, em Vila Pouca de Aguiar enfiamo-nos no percurso ditado pelo roadbook, colado a fita-cola e metido numa caixa na mota do Pedro. Parece primário mas é verdade e faz parte da essência do evento, o ter de rodar, folha a folha, ao longo da viagem para sabermos por onde ir; chegar a uma paragem e alguém que entretanto se perdeu perguntar: “olhem lá, em que folha é que vocês vão?”. Faz parte.

Não sei se conhecem a zona do Douro mas vou tentar fazer-vos uma descrição dos sítios por onde passámos. Alerto já para um parágrafo altamente tendencioso, é que estamos perante aquela que eu considero a região mais bonita de Portugal Continental.

A primeira paragem fez-se em Santa Marta de Penaguião. A estrada a descer até lá é toda ela feita de curva e contra curva, por onde fizemos desfilar elegantemente as nossas trails. A vista é surreal, sempre acompanhada de vinhas que a esta hora ainda conseguíamos apreciar através nosso conforto dos 20 e poucos graus e à sombra da montanha. O pior veio depois mas já lá vamos.

Passámos pela Régua e fomos junto ao rio pala N222 que é considerada a estrada mais bonita do mundo. É de facto incrível, já tive a oportunidade de a fazer mais do que uma vez de carro mas de mota tem outra piada: encostar rapidamente quando queremos apreciar a paisagem, fazer umas fotografias, voltar a agarrar na mota e apanhar um vento na cara. É uma experiência pela qual vocês têm de passar. Até porque mesmo ali, e já passados quase 100 Km de viagem, têm bonitas aldeias e vilas que não estão abandonadas mas parecem encantadoramente esquecidas e paradas no tempo. Alguém que preserve isto, por favor, as congele, é uma magnífica viagem no tempo feita em duas rodas que passa por Ferradosa, São Xisto, São João da Pesqueira e para nós fez uma pequena pausa em Vila Nova de Foz Côa para água e fruta. Foram mais de 30ºC a fazer este último percurso por uma estrada que jamais esquecerei. Os vales do Douro não são famosos por acaso. É como vos disse, já o fiz de carro mas nada como passar por isto em do alto de uma mota onde temos uma vista 360º.

Largámos Foz Côa para nos enfiarmos em estradas ainda mais secundárias e caminhos municipais. Passámos por Castelo Melhor, onde a descida para a aldeia nos deixa ver as ruínas lá no alto e saímos por terra rumo Cidadelhe, Pinhel. Se há pouco vos falei de aldeias maravilhosamente esquecidas, então não sei mesmo como descrever esta, já a poucos quilómetros da fronteira com Espanha. Confesso-vos que nem percebi quantas pessoas aqui vivem, só que existe um turismo rural que não vos consigo recomendar porque não pernoitei, mas posso vivamente aconselhar-vos a passarem a visitar e perceberem a mística de uma aldeia nada pequena, bastante dispersa, que se visita por estradas de calçada e terra(!), imaginem.

Parámos em Pinhel para almoçar às 13h00, mais de 200 Km depois, debaixo de 35ºC e com uma fome capaz de trazer boca fora a má disposição que 8 tipos conseguiram acumular nos últimos quilómetros. Acreditem que não foi fácil mas o pior ainda estava para vir. Ao longo da tarde chegámos aos 39ºC, ao ponto de não perceber se devia ter a viseira do capacete fechada ou aberta, se com casaco para não escaldar a pele e ir mais seguro, se sem casaco para tentar apanhar o fresco que não havia. De sentir o suor a escorrer pela cara e a turvar-me a vista, a cabeça escaldar dentro do capacete, ou que aguentava mais 100 metros e parava para não correr o risco de desmaiar em andamento. Acelero e vou à frente falar com o João para me distrair, ponho-me de pé na mota para levar com um vento e tentar refrescar as calças ensopadas, esticar as pernas e tirá-las da linha com o motor boxer da GS que tem as cabeças saídas, mesmo ali nas canelas a libertar uma temperatura de cerca de 80ºC.

Mas sabem uma coisa? Valeu cada minuto. Valeu pelo que vimos, pela dança que fizemos nestas curvas e pela camaradagem de quem anda com um só objetivo: desfrutar deste #oPortugalincrivel.

Amanhã estaremos de saída do Fundão com destino a Elvas, para onde se esperam 45ºC.

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Artigo desenvolvido por Tiago Froufe, bonsrapazes.com

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