Procuradoria Europeia detém 11 pessoas em fraude ao IVA de 30 milhões de euros
Os membros da organização criminosa simularam um circuito internacional de vendas, no qual eram comprados produtos alimentares (azeite, óleo, açúcar, etc.) e bebidas em Portugal.
A Procuradoria Europeia desmantelou uma rede criminosa de fraude ao IVA em bens alimentares que terá causado prejuízos de 30 milhões de euros, numa operação que levou à detenção de 11 pessoas, anunciou esta quarta-feira o organismo.
Segundo um comunicado da procuradoria, na operação denominada “Ambrósia” foram executados 222 mandados de busca, em que se incluem 40 buscas domiciliárias, 46 não domiciliárias, quatro a escritórios de advogados e 132 a veículos. Além das 11 detenções foram também apreendidos 43 veículos e 120 mil euros em dinheiro.
As buscas decorreram nos distritos de Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra, Aveiro, Braga, Leiria, Santarém, Évora e Viseu, em diversas localidades de Espanha e uma localidade em França, tendo estado envolvidos mais de 230 agentes. Em Portugal, a operação foi liderada por quatro procuradores europeus delegados e dois juízes de instrução.
De acordo com a Procuradoria Europeia (EPPO, na sigla em inglês), os membros da organização criminosa simularam um circuito internacional de vendas, no qual eram comprados produtos alimentares (azeite, óleo, açúcar, etc.) e bebidas em Portugal, faturando a empresas de fachada sediadas em outros países da União Europeia, o que permitia não liquidar o IVA devido.
“Contrariamente ao que quiseram fazer crer com este circuito, os produtos transacionados nunca terão saído de Portugal. O uso deste esquema por operadores no mercado grossista em Portugal (“cash and carry”) ter-lhes-á permitido reclamar devolução de IVA ao Estado, valor que terão repercutido na venda desses bens essenciais a preços inferiores aos do mercado, com a distorção da concorrência entre empresas do setor”, pode ler-se na nota divulgada.
Na rede criminosa agora desmantelada intervieram 102 sociedades com sede em Portugal, além de empresas registadas em Espanha e França. A Procuradoria Europeia acredita que os suspeitos tenham obtido desta forma um lucro indevido de cerca de 30 milhões de euros em IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), “valor com que os cofres do Estado português e o orçamento da União terão sido lesados”.
A operação Ambrósia contou com a participação da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e da Unidade de Ação Fiscal da Guarda Nacional Republicana (GNR) em território nacional. Em Espanha esteve envolvida a polícia judicial da Guardia Civil, enquanto em França o apoio foi prestado pelo Organismo Nacional de Luta Antifraude (ONAF).
A Procuradoria Europeia é um órgão independente com competência para investigar, instaurar processos, deduzir acusação e sustentá-la na instrução e no julgamento contra os autores das infrações penais que lesam os interesses financeiros da União Europeia (por exemplo, fraude, corrupção ou fraude transfronteiriça ao IVA superior a 10 milhões de euros).
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