Novo grupo europeu do Chega já é a terceira força no Parlamento Europeu. Tânger-Corrêa eleito vice-presidente
Hemiciclo em Estrasburgo volta a mudar de figura. Partido de Le Pen junta-se a Orbán e Conservadores de Meloni passam ao quarto maior partido. Tânger-Corrêa será vice-presidente do Patriotas da Europa
A ambição de Viktor Orbán concretizou-se: a nova família política de extrema-direita fundada pelo próprio será a terceira força política no Parlamento Europeu, na próxima legislatura, agora que conta com o apoio dos 30 eurodeputados eleitos pela União Nacional (Rassamblement Nacional), de Marine Le Pen. Jordan Bardella, que este domingo falhou as eleições para primeiro ministro de França, será o presidente deste novo grupo político. Já António Tânger-Corrêa, cabeça de lista pelo Chega às eleições europeias, foi eleito um dos quatro dos vice-presidentes do grupo, sabe o ECO.
A sessão constitutiva do partido decorreu esta segunda-feira, em Bruxelas. Em comunicado, citado pelo Politico, o novo líder francês considerou que os Patriotas da Europa “representam a esperança para as dezenas de milhões de cidadãos das nações europeias que valorizam a sua identidade, a sua soberania e a sua liberdade”, garantindo que irão trabalhar na próxima legislatura para “recuperar as nossas instituições e reorientar as políticas ao serviço das nossas nações e dos nossos povos”.
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Segundo as regras europeias, para a formação de um novo grupo político são necessários, no mínimo, 23 eurodeputados que representem sete Estados-membros, mas o Patriotas da Europa superam por muito esse requisito. Ao todo, somam-se 84 eurodeputados de 12 Estados-membros. A maior fatia provém da extrema-direita francesa, com 30 eurodeputados, seguindo-lhe os 11 eurodeputados do partido Fidesz, de Viktor Orbán, que estavam, desde a legislatura anterior, sem família política depois de se terem desvinculado do Partido Popular Europeu (família do PSD e CDS).
De Itália, surgem os oito eurodeputados do Lega, partido de Matteo Salvini, enquanto da República Checa proveem sete representantes eleitos pela Aliança dos Cidadãos Descontentes (ANO) e dois pelo Přísaha and Motorists. Os seis eurodeputados do Partido da Liberdade da Áustria (FPO) também se juntam à nova família europeia, acompanhados da meia dúzia de representantes do espanhol Vox e outros seis do Partido pela Liberdade dos Países Baixos. Já o Vlaams Belang da Bélgica contribui para a formação deste novo grupo com três eurodeputados.
Portugal não fica de fora. Tal como o ECO noticiou, os dois eurodeputados eleitos pelo Chega trocaram de família europeia, passando também a integrar o Patriotas da Europa. As contribuições mais pequenas surgem do Partido Popular Dinamarquês, Latvia First, da Letónia, e Afroditi Latinopoulou, da Grécia, cada um com um eurodeputado.
Com 84 eurodeputados, os Patriotas da Europa tornam-se assim na terceira força política destronando o Conservadores e Reformistas europeus (ECR), liderado por Giorgia Meloni, que com a saída do Vox, viram a sua bancada a encolher para os 78 assentos. Em sentido contrário, o Identidade e Democracia, do qual integrava o partido de Marine Le Pen e o de André Ventura, deixa de existir por já não reunir as condições mínimas.
O hemiciclo em Estrasburgo volta assim a mudar de figura com um reforço em peso da direita e extrema-direita, mas até dia 16 de julho são esperadas mais novidades uma vez que ainda há cerca de 37 eurodeputados não inscritos (que poderão permanecer assim) e 43 recém-eleitos que não estão filiados em qualquer dos grupos políticos do Parlamento cessante.
O PPE continua a ser a maior bancada, ocupando 188 lugares no Parlamento Europeu e a segunda maior é da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), da família europeia do PS, que conta com 136 eurodeputados. Em terceiro surge agora o Patriotas da Europa, com 84 eurodeputados, e logo a seguir o ECR com 78. A uma curta distância, mantêm-se os liberais do Renovar Europa com 76 eurodeputados e os Verdes com uma bancada composta por 53 lugares. O grupo mais pequeno continua a ser o da Esquerda que nas últimas eleições elegeu 46 representantes.
As negociações para a formalização de novos grupos políticos ou para o recrutamento de novos eurodeputados vão decorrer entre 16 e 19 de julho, altura em que 720 eurodeputados eleitos tomarão posse na primeira sessão constitutiva, em Estrasburgo. Nessa sessão, será votado também o presidente e vice presidente do Parlamento Europeu, e ainda a nomeação de Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia. Para a aprovação da candidata alemã são precisos 361 votos.
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