Governo quer que tarifa social da luz passe a ter financiamento público
A tarifa tem sido alvo de contestação por parte das empresas do setor da eletricidade, as quais têm suportado este apoio social. Esta alteração está na mesa depois de as regras terem mudado em abril.
As regras do financiamento da tarifa social da eletricidade vão voltar a ser alteradas. O Governo quer que esta tarifa, que permite um desconto no preço da luz para as famílias mais vulneráveis, passe a ser suportada, em parte, por financiamento público.
“O Governo irá rever o modelo de financiamento da Tarifa Social da Eletricidade, no sentido de passar a ser suportada parcialmente através de financiamento público“, anunciou o ministério do Ambiente e Energia, através de um comunicado enviado às redações.
A tarifa social da eletricidade é um “preço especial” que existe para aliviar a fatura da luz das famílias mais vulneráveis. Estas têm direito a um desconto médio de 33,8% no fornecimento de eletricidade, excluindo taxas e impostos. Além disso, os beneficiários ficam isentos do Imposto Especial de Consumo e usufruem de uma isenção parcial na Contribuição para o Audiovisual, de 1,85 euros.
Na manhã desta quarta-feira, a ministra da tutela, Maria da Graça Carvalho, indicou que o Governo está a preparar um novo decreto-lei para alterar o financiamento desta tarifa, que de momento é suportada por produtores e comercializadores de eletricidade.
“Temos de ter um financiamento público para a tarifa social, que é como deve ser”, considerou a ministra, no âmbito da audição regimental que decorreu esta manhã, na Assembleia da República.
A última alteração a este modelo de financiamento entrou em vigor em abril deste ano. Anteriormente, eram os produtores de eletricidade os responsáveis por pagar esta ajuda às famílias vulneráveis. Mas, a partir do passado mês de abril, o custo passou a recair também sobre os comercializadores de eletricidade, ou seja, as empresas que produzem eletricidade e aquelas que compram essa mesma eletricidade e a vendem aos consumidores finais.
O modelo tem sido constante alvo de contestação por parte das empresas afetadas. A EDP, uma vez que tem parte do negócio assente na produção de energia, era um dos principais agentes que suportavam o custo da tarifa social. Entre 2011 e 2020, este apoio social custou à empresa 460 milhões de euros.
A elétrica, apesar de se dizer “favorável à existência de uma tarifa social”, estava convicta de que não era da sua responsabilidade suportar este custo, mas sim do Estado. Neste sentido, pediu uma análise à Comissão Europeia sobre o modelo de financiamento. No final de 2022, a EDP partilhou que a Comissão Europeia confirmava o “caráter discriminatório” do modelo de financiamento da tarifa social em Portugal, e que considerava que esta medida não se enquadrava nas orientações europeias. Na sequência, no passado mês de outubro, o Governo de António Costa aprovou a alteração do modelo de financiamento, alargando esta responsabilidade a mais empresas do setor.
Já os comercializadores, uma vez que foram chamados a partilhar esta despesa com os produtores, também manifestaram preocupação face a estas alterações. Alguns, como é o caso da Luzboa, admitiram que iriam repercutir o custo com a tarifa social em todos os clientes para os quais fosse possível renegociar o preço da energia, acusando um “enorme” impacto no negócio.
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