Economia da China cresceu 4,7% no segundo trimestre do ano
Segunda maior economia mundial cresceu menos do que a previsão dos analistas. Enquanto isso, a produção industrial, rendimentos e investimento registaram sinais de melhoria.
A economia da China cresceu 4,7% no segundo trimestre deste ano, abaixo da previsão dos analistas, indicam dados oficiais divulgados esta segunda-feira, enquanto a produção industrial, rendimentos e investimento registaram sinais de melhoria.
O valor no segundo trimestre foi muito inferior ao ritmo de crescimento homólogo de 5,3% registado no primeiro trimestre do ano.
Os progressos registados, após o abrandamento acentuado do crescimento durante a pandemia da Covid-19, foram “duramente conquistados”, afirmou o Gabinete de Estatísticas da China, em comunicado. “Desde o início deste ano, a dinâmica de crescimento económico global tem sido fraca, a inflação é persistente, os conflitos geopolíticos, as fricções no comércio internacional e outros problemas têm ocorrido com frequência, a procura interna é insuficiente, as empresas estão sob grande pressão operacional e existem muitos riscos e perigos ocultos em áreas-chave”, indicou, na mesma nota.
“Existem muitas dificuldades e desafios para promover o funcionamento estável da economia”, acrescentou.
Os economistas consideraram que a fraca procura por parte dos consumidores e a redução das despesas públicas estão a prejudicar o crescimento da segunda maior economia do mundo.
O Gabinete de Estatísticas afirmou que a economia cresceu a um ritmo de 5% no primeiro semestre do ano, o que corresponde ao objetivo fixado por Pequim para este ano.
Na sexta-feira, dados divulgados mostraram que as exportações em junho foram mais elevadas do que o previsto, o que aumentou ainda mais o excedente comercial da China. As exportações cresceram 8,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, embora as importações tenham caído 2,3%. O excedente comercial de junho foi de 99,05 mil milhões de dólares (91 mil milhões de euros), superior aos 82,62 mil milhões de dólares (76 mil milhões de euros) registados em maio. Já produção industrial aumentou 5,3% em junho, disse o Gabinete de Estatísticas chinês.
As vendas a retalho, uma medida da procura do consumidor, subiram 5,1% entre janeiro e maio, enquanto o rendimento nominal disponível, não ajustado à inflação, cresceu 5,4%. A expansão da procura por parte dos consumidores é considerada fundamental para apoiar um forte crescimento sustentado, mas tem-se mostrado difícil, uma vez que as empresas eliminaram postos de trabalho durante e após a pandemia, levando muitas famílias chinesas a restringir os gastos.
Os dados económicos foram divulgados nas vésperas de a elite do Partido Comunista Chinês se reunir para um conclave que se realiza uma vez por década para definir a orientação económica a médio e longo prazo. O terceiro plenário reúne em Pequim os 376 membros permanentes e rotativos do Comité Central do Partido Comunista, órgão dirigente composto por líderes do governo, do exército e ao nível provincial. A reunião deste ano devia ter sido realizada no ano passado, mas foi adiada.
Observadores acompanham o encontro para perceber se o partido se vai desviar da doutrina desenvolvida no terceiro plenário de 2013, quando prometeu deixar o mercado desempenhar um “papel decisivo” na afetação de recursos.
Nos últimos anos, uma campanha regulatória contra as gigantes tecnológicas e apelos à “prosperidade comum”, visando penalizar grandes acumulações de capital, abalaram a confiança do setor privado. São também esperadas medidas destinadas a resolver alguns dos problemas económicos da China, incluindo os altos níveis de endividamento dos governos locais e a crise no setor imobiliário.
Preços das casas novas na China caem pelo 13.º mês consecutivo
Os preços das casas novas na China caíram em junho pelo 13.º mês consecutivo, indicam outros dados oficiais também divulgados esta segunda-feira, sugerindo que a crise no setor imobiliário do país ainda não chegou ao fim.
Os preços em 70 cidades selecionadas caíram 0,6%, em relação ao mês anterior, de acordo com cálculos feitos com base nos números divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE).
Entre as localidades acima mencionadas, 64 registaram reduções nos preços das casas, em comparação com 68 em maio, sendo que apenas seis (Tianjin, Taiyuan, Xangai, Xian, Pingdinshan e Zunyi) registaram aumentos. No caso dos imóveis usados, 69 das cidades analisadas registaram descidas, com exceção de Kunming, no sudoeste do país.
Em maio, as autoridades chinesas lançaram um vasto pacote de medidas para tentar reanimar o setor imobiliário, com cerca de 42,25 mil milhões de dólares (quase 39 mil milhões de euros) em empréstimos para projetos de habitação subsidiada ou a redução das entradas exigidas para a compra de casas, incentivando também os governos locais a comprar terrenos não urbanizados ou propriedades não vendidas aos promotores.
Várias cidades anunciaram também medidas para facilitar a compra de casa, incluindo Xangai, Shenzhen e Cantão, três das quatro maiores cidades do país.
O investimento na construção imobiliária aumentou 10,1% em termos anuais nos primeiros seis meses do ano, indicou o GNE.
Os dados da agência estatística mostraram ainda que, até maio, as vendas comerciais medidas por área útil caíram 19% em relação ao mesmo período do ano passado. Este indicador já tinha registado uma quebra de 24,3% em 2022 e de mais 8,5% em 2023.
Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é a crise no setor imobiliário, cujo peso no produto interno bruto (PIB) do país, somando fatores indiretos, é estimado em cerca de 30%, de acordo com alguns analistas.
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