Ministra do Ambiente diz que resíduos são um dos “grandes desafios” do país
"Os nossos aterros estão cheios. Não cumprimos os objetivos europeus, nem aqueles que estabelecemos para nós próprios, e o pior é que a trajetória está a derivar", admite Maria da Graça Carvalho.
A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, disse esta quinta-feira que os resíduos sólidos urbanos são um dos “grandes desafios” que Portugal enfrenta, pois os “aterros estão cheios” e é dos países da Europa que menos recicla. “[Os resíduos] são uma prioridade e um grande desafio. Partimos de uma posição claramente muito difícil. Não há forma de fugir a esta realidade”, disse a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.
Neste sentido, a ministra sublinhou que “Portugal recicla atualmente cerca de 21% dos resíduos sólidos urbanos, quando a média europeia, para 2025, são 55% e passa a 60% em 2035”. Maria da Graça Carvalho falava, em Tondela, na sessão de inauguração de dois projetos de biorresíduos na Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão, um investimento de 13,7 milhões de euros.
“As regras da União Europeia tornaram obrigatória a recolha de resíduos seletivos e limitam a deposição em aterro a 10% do total de resíduos urbanos produzidos”. Neste momento, em Portugal “vão para aterro 56%”, afirmou. Para a governante estes números mostram bem “os desafios” que o país tem pela frente. Em Portugal, “a verdade é que a produção de resíduos não pára de aumentar”, mas “em quase todos os países europeus a situação é inversa, há uma diminuição da produção de resíduos”.
“Os nossos aterros estão cheios. Não cumprimos os objetivos europeus, nem aqueles que estabelecemos para nós próprios, e o pior é que a trajetória está a derivar, em vez de convergir com os objetivos, precisamos urgentemente de produzir menos resíduos”, reforçou. O Ministério do Ambiente está “a trabalhar para as melhores soluções tecnológicas” e em conjunto com os municípios, as comunidades intermunicipais e as empresas e, atualmente, com “financiamento insuficiente”, referiu.
“Iremos também trabalhar para financiamentos alternativos, nomeadamente o Banco Europeu de Investimento e se algum dos projetos do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] não avançar e se puderem ser substituídos”, anunciou a ministra. Aos jornalistas, no final da cerimónia, Maria da Graça Carvalho disse que “56% de resíduos a enviar para aterro é muito” e, para já, “está a ser trabalhada uma grande campanha para mentalizar as pessoas para produzirem menos resíduos”.
Outro trabalho que está a ser feito é a procura de “soluções tecnológicas disponíveis” e o devido financiamento, assim como a incineração, que é outras das possibilidades que a ministra admitiu.
“Há vários países da Europa que têm incineração. É uma das possibilidades, nomeadamente, países bastante desenvolvidos é a incineração que utilizam. Nós temos incineradoras no Porto, em Lisboa. Poderá ser por aí, mas gostávamos de ver outras opções e, portanto, estamos a iniciar um estudo de comparar tecnologias existentes e as que melhores se adaptam ao nosso país”, adiantou.
Maria da Graça Carvalho reforçou também que Portugal “precisa de ter uma decisão de diminuir, reciclar” até porque “a bioeconomia é muito importante” e, como “há sempre uns restos que ainda ficam, é preciso soluções e financiamento” para isso.
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