Recusa de empréstimo à Inapa “protege o dinheiro dos contribuintes”, diz ministro da Economia
“É muito importante assegurar o cuidado e proteção do dinheiro dos contribuintes cada vez que se tomam decisões de reestruturação e apoios a empresas”, adverte Pedro Reis sobre a falência da Inapa.
Poucas horas depois de a Inapa ter comunicado à CMVM que irá apresentar-se à insolvência “nos próximos dias”, após a Parpública ter recusado entrar no empréstimo de 12 milhões de euros pedido pela empresa aos três maiores acionistas, o ministro da Economia advertiu que “é muito importante assegurar o cuidado e proteção do dinheiro dos contribuintes de cada vez que se tomam decisões de reestruturação e de apoios a empresas”.
“Muitas vezes é mais fácil clamar por apoios públicos, mas muitas vezes é preciso ver o interesse público, avaliar bem onde é que ele está”, acrescentou Pedro Reis, durante uma conferência de imprensa conjunta com a ministra do Ambiente, a propósito da criação de um grupo de trabalho focado nas matérias-primas críticas.
É muito importante assegurar o cuidado e proteção do dinheiro dos contribuintes cada vez que se tomam decisões de reestruturação e apoios a empresas.
Questionado pelos jornalistas sobre a decisão da distribuidora de papel, tendo em conta os “impactos imediatos que a apresentação à insolvência da Inapa Deutschland” teria no grupo, o ministro da Economia não se quis alongar em comentários sobre este dossiê, salientando que “certamente o senhor ministro das Finanças está a acompanhar o tema em proximidade”.
Como o ECO noticiou, confrontado com o pedido para a injeção imediata de 12 milhões de euros para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, o Governo solicitou à Parpública, à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM) que se pronunciassem sobre esta operação, tendo as três entidades “concluído que a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.
Considerando os pareceres negativos a este financiamento e também que a Inapa “não apresentou qualquer estratégia de recuperação”, que a entidade que gere as participações do Estado detém 45% da empresa, mas não é acionista maioritária, e que se trata de uma empresa privada que não tem “uma atividade considerada como estratégica para a economia portuguesa”, Joaquim Miranda Sarmento confirmou o parecer da Parpública de não avançar com esta operação de financiamento.
Esta segunda-feira de manhã, depois de as ações da empresa terem sido suspensas pela CMVM, Frederico Lupi, que tinha sido cooptado para CEO da holding em junho de 2023, após a saída de Diogo Rezende, apresentou a renúncia ao mandato, assim como os restantes administradores: Inês Louro, Afonso Chaby, Victor Barros, Patrícia Caldinha, Emília de Noronha Galvão Franco Frazão, João Miguel Pacheco Sales Luís e Fernando Sanz Pinto.
No ano passado, a Inapa teve um prejuízo de oito milhões de euros, depois de ter lucrado 17,8 milhões em 2022, para o qual disse terem contribuído as “condições de crédito mais exigentes [que] agravaram a função financeira”. As vendas consolidadas do grupo recuaram 20,1% em termos homólogos, para 968,7 milhões de euros. A 31 de dezembro de 2023, a dívida ascendia a 207 milhões de euros.
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