Zona Euro está à beira da estagnação

A recuperação da economia perdeu força em julho, com as duas maiores economias da Zona Euro a darem sinais preocupantes, abrindo margem para o BCE cortar as taxas de juro em setembro.

A recuperação económica da Zona Euro perdeu força em julho, com o setor privado a registar um crescimento quase nulo, segundo os dados provisórios do índice de gestores de compras (PMI) divulgados esta quarta-feira.

O HCOB Flash Eurozone Composite PMI, um barómetro da atividade económica no bloco da moeda única, caiu para 50,1 pontos em julho, o valor mais baixo dos últimos cinco meses que compara também com os 50,9 pontos registados em junho. Este valor, apenas ligeiramente acima da marca dos 50 pontos que separa o crescimento da contração, aponta para uma economia à beira da estagnação.

“Será isto a pausa de verão? Parece um pouco, já que a economia da Zona Euro mal se mexeu em julho”, afirma Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, citado no relatório.

O abrandamento foi particularmente notório no setor dos serviços, onde o índice recuou para 51,9 pontos, o nível mais baixo em quatro meses. Já a indústria continua a ser o calcanhar de Aquiles da economia europeia, com o índice a cair para 45,6 pontos, o valor mais baixo em sete meses.

Os dados deste indicador calculado pelo Hamburg Commercial Bank indica que as duas maiores economias do espaço do euro deram sinais preocupantes. A Alemanha registou uma contração da atividade pela primeira vez em quatro meses, enquanto França acumulou o terceiro mês consecutivo de queda.

Se apenas o crescimento fosse considerado, haveria um forte argumento para um corte das taxas de juro em setembro pelo BCE.

Cyrus de la Rubia

Economista-chefe do Hamburg Commercial Bank

Apesar do cenário pouco animador, há algumas notas positivas. As pressões inflacionistas continuam a diminuir, com os preços de venda a aumentarem ao ritmo mais lento desde outubro passado. Isto poderá dar algum alívio aos consumidores, cujo poder de compra tem sido corroído pela inflação persistente.

No entanto, o economista do Hamburg Commercial Bank alerta que “se apenas o crescimento fosse considerado, haveria um forte argumento para um corte das taxas de juro em setembro pelo BCE”. Contudo, os dados dos preços não trouxeram o alívio esperado, o que poderá complicar a tarefa do banco central na sua luta contra a inflação.

O relatório sugere ainda que, embora um corte das taxas em setembro seja provável, poderá ser mais difícil manter essa trajetória nos meses seguintes, a menos que a desaceleração se transforme numa recessão profunda.

Este abrandamento da economia da Zona Euro surge num momento delicado, com as tensões geopolíticas a aumentarem e a incerteza a pairar sobre o comércio global. Os próximos meses serão cruciais para determinar se esta é apenas uma pausa temporária ou o início de um período mais prolongado de estagnação económica.

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