Mau acesso ao SNS continua a empurrar utentes para seguros de saúde

Um estudo da ASF e da Nova dá conta que os detentores de seguros de saúde são mais jovens, com maior nível de instrução, recebem melhor e estão mais empregados que a população geral.

Cada vez mais portugueses contratam seguros de saúde empurrados pela dificuldade em aceder aos serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Cerca de 30,3% dos inquiridos num estudo do regulador dos seguros e a Universidade Nova de Lisboa apontam para essa dificuldade como a principal razão para subscreverem esse produto.

Segundo os resultados do inquérito à população do Observatório dos Seguros de Saúde, resultado do Acordo de Cooperação celebrados entre a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e a Nova, os inquiridos residentes em Portugal com seguro de saúde são tendencialmente mais jovens, com níveis de ensino mais elevados e com rendimentos líquidos do agregado familiar superior aos da população em geral.

Nesse sentido, entre os inquiridos com seguros de saúde destaca-se a classe etária dos 35 aos 54 anos que representa 46% dos segurados de saúde (35% da amostra total). No que diz respeito ao nível de escolaridade, 48% completou o ensino superior (licenciatura, mestrado ou doutoramento), a maioria estão empregados (82% entre quem tem seguro, face a 62% na população) e relativamente ao rendimento mensal líquido do agregado familiar o destes inquiridos é mais elevado, 45% declara rendimentos superiores a 2.250 euros, face a 29% na população total.

Importa salientar que 31% dos inquiridos diz beneficiar de algum seguro de saúde, 18% de um subsistema complementar de saúde e 11% de um plano de saúde.

Na maioria dos inquiridos com seguro de saúde a cobertura da sua apólice estende-se ao agregado familiar (52%). Na maioria dos casos (56%) é suportado pelo próprio ou por um membro do agregado familiar, e o valor médio pago é de 81 euros. Em 35% dos casos o prémio é pago pela entidade empregadora do indivíduo (35%) e para 3% o seguro de saúde é suportado pela entidade empregadora de um membro do agregado familiar.

As perceções relativamente aos tempos de espera no acesso aos cuidados de saúde, à oferta e acessibilidade à rede de prestadores privados, assim como à qualidade global dos serviços prestados resultam em níveis de satisfação e de confiança mais elevados nos seguros de saúde (8,1 e 8,0 pontos, respetivamente, numa escala de 1 a 10), quando comparados com o SNS (avaliações médias de 6,3 e 7,0 pontos, respetivamente).

A perceção negativa sobre o setor é notada na diferença entre a avaliação no nível de confiança nos seguros de saúde pelos clientes (8,0 pontos numa escala de 0 a 10) contra a dada por quem não tem seguro (5,9 pontos).

Os seguradoras mais referidas por quem beneficia de seguro de saúde foram a Médis (25%), a Multicare (23%), a AdvanceCare (18%) e a Fidelidade (17%). Cerca de 11% dos inquiridos que beneficiam de um seguro de saúde não souberam identificar o seu segurador.

Importa salientar que a amostra foi constituída por 800 inquiridos residentes em Portugal com idade igual ou superior a 18 anos no final de 2023. Este estudo integra-se no plano de ação estabelecido pelo supervisor que visa melhorar a qualidade da regulação e supervisão do mercado de seguros de saúde, salvaguardando um posicionamento mais informado dos consumidores e os requisitos de transparência que são exigíveis neste tipo de seguro.

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