Fundação de 40 milhões encolhe em 29% os lucros da Jerónimo Martins no primeiro semestre
Dona do Pingo Doce lucrou 253 milhões de euros entre janeiro e junho. Vendas aumentaram 12,3%, apesar da “forte deflação" nos cabazes alimentares. Portugal já só vale 18,5% do negócio do grupo.
A dona do Pingo Doce fechou o primeiro semestre com lucros de 253 milhões de euros, menos 29% do que nos primeiros seis meses do ano passado, apesar do crescimento de 12,3% nas vendas, para 16,3 mil milhões de euros. A justificar a queda nos resultados está a incorporação da dotação inicial de 40 milhões de euros da recém-criada Fundação Jerónimo Martins e a subida dos custos financeiros face ao período homólogo.
Em comunicado enviado esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo retalhista liderado por Pedro Soares dos Santos assinala o crescimento das vendas, que baixa para 5,5% se excluído o efeito da valorização do zloty e do peso colombiano, apesar da “forte deflação registada nos cabazes de quase todas as insígnias ao longo do semestre”.
“Tal como antecipámos, o ano de 2024 tem sido marcado, após um ciclo inflacionário, pelos duros efeitos da combinação de uma acentuada trajetória de correção dos preços alimentares com a subida significativa dos custos. Sabíamos que, agravada pelo ambiente de consumo contido, a competição pelos volumes seria muito forte e mantivemos o foco estratégico na competitividade, investindo fortemente em preço sem descurar a qualidade global das propostas de valor”, destaca o presidente.
Numa mensagem incluída no reporte dos resultados em que fala numa combinação “com uma intensidade nunca vista” de uma rápida queda dos preços alimentares com um aumento expressivo dos custos, “colocando forte pressão sobre as margens” da companhia, o líder da Jerónimo Martins antecipa que este cenário de deflação alimentar e de elevada inflação de custos se vai manter na segunda metade do ano.
"Apesar da reduzida visibilidade sobre a evolução do comportamento dos consumidores nos países em que operamos, prevemos que o contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos se mantenha ao longo do segundo semestre.”
Entre janeiro e junho, o EBITDA consolidado subiu 3,5%, para mil milhões de euros, “acusando a pressão do investimento em preço e da desalavancagem operacional”. A respetiva margem reduziu-se em 54 pontos base face ao primeiro semestre do ano anterior, de 6,9% para 6,4%. A dívida líquida disparou 37,3%, situando-se agora nos 3,2 mil milhões de euros.
Considerando já o investimento inicial para lançar uma operação de supermercados na Eslováquia, a expansão e remodelação das redes de lojas e o reforço da operação logística na Polónia, em Portugal e na Colômbia – um dos novos centros de distribuição da Ara abriu no início deste ano –, o programa de investimento para 2024 deverá ascender a cerca de 1,2 mil milhões de euros, em linha com o realizado no ano passado.
Portugal vale apenas 18,5% das vendas
Em Portugal, onde “persistem sinais de pressão sobre as famílias relacionados com taxas de juro e impostos elevados, esperando-se, por isso, que o consumo se mantenha pouco dinâmico ao longo do resto do ano”, as vendas do Pingo Doce cresceram 5,9%, atingindo quase 2,4 mil milhões de euros. O grupo nota, porém, que a insígnia “operou com deflação no cabaz, sendo notório o contributo do forte aumento de volumes registado nestes primeiros seis meses do ano”. No Recheio, a progressão foi inferior (2%), totalizando 645 milhões de euros.
Em conjunto, o Pingo Doce e o Recheio valeram “apenas” 18,7% das vendas do grupo. Com um contributo de quase 71%, o porta-aviões continua a ser a polaca Biedronka. Na primeira metade do ano, em que passou a ter mais 51 lojas no país e realizou 104 remodelações, o volume de negócios da insígnia que lidera o retalho alimentar na Polónia ascendeu a 11,5 mil milhões de euros, uma subida de 11,9% em euros e de 4,5% em moeda local.
Já a cadeia de drugstores Hebe, que nos primeiros seis meses do ano ganhou 17 lojas no mercado polaco – tem agora um total de 359 lojas na Polónia e duas na República Checa – registou vendas de 271 milhões de euros, 30,6% acima do mesmo período do ano passado (+22% em moeda local).
Finalmente, na Colômbia, onde a Jerónimo Martins esteve “centrada em garantir a preferência dos consumidores num contexto muito exigente”, as vendas da Ara dispararam 32,1%, atingindo 1,4 mil milhões de euros no semestre (+13,3% em moeda local). A insígnia sul-americana inaugurou 59 novas lojas neste período, chegando a 30 de junho com um parque de 1.349 localizações. Prevê abrir outras 150 no resto do ano.
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