Lucros da Altri disparam 122% no primeiro semestre. Vendas sobem com preço do papel

Papeleira fecha o semestre com lucros de 62 milhões de euros e vendas a subirem 8,5%, graças à subida dos preços a nível internacional, que devem “experimentar alguma correção nos próximos meses".

O grupo Altri multiplicou quase cinco vezes os lucros no segundo trimestre deste ano, o que permitiu fechar o primeiro semestre com um resultado líquido de 62 milhões de euros. Um crescimento de 121,7% face aos primeiros seis meses do ano passado, em que os lucros tinham descido 60%.

Suportadas agora pela “evolução favorável dos preços das fibras celulósicas nos mercados internacionais”, explica o grupo em comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), as receitas totais aumentaram 8,5%, atingindo 462,7 milhões de euros.

“Os sinais positivos que vínhamos observando no final de 2023 e no arranque de 2024 acabaram por se confirmar nesta primeira metade do ano. Assistimos, neste primeiro semestre, a um forte dinamismo na procura por fibras celulósicas, em especial nos mercados da Europa e da América do Norte”, sublinha o CEO, José Soares de Pina.

Aliando este reforço das vendas e da produção (+6,2%) à manutenção dos “custos controlados” neste período, a papeleira portuguesa alcançou um EBITDA de 124 milhões de euros. Correspondeu a uma margem de 26,8%, o que se traduz numa melhoria de 7,8 pontos percentuais face ao semestre homólogo.

No final de junho, a dívida líquida ascendia a 324,8 milhões de euros, quase 32 milhões abaixo do final de 2023 — apesar de ter distribuído, durante o segundo trimestre, um dividendo de 51,3 milhões de euros. Uma redução explicada pelo menor investimento no semestre (16,2 milhões vs. 36,2 milhões), pela melhoria do nível de EBITDA e pela “contínua gestão rigorosa do fundo de maneio”.

No mesmo comunicado ao regulador, José Soares de Pina antecipa, por outro lado, que, depois de aumentos sucessivos dos preços da pasta BHKP — de celulose de fibra curta, usada para papel de escrita, impressão ou higiénico –, que chegaram a maio deste ano a um valor de 1.440 dólares por tonelada, que classifica como “um nível elevado”, os preços devem “experimentar alguma correção nos próximos meses”.

Fábrica na Galiza aguarda “ok” ambiental e dinheiro do PRR

Em termos de produção, após a paragem da Caima em março de 2024, segue-se a manutenção da Celbi que deverá ocorrer entre os meses de setembro e outubro. Já a Biotek tem agendada uma paragem apenas em março de 2025. Até ao final do próximo ano, a Altri prevê concluir o projeto de recuperação e valorização de ácido acético e furfural de base renovável, na Caima.

Já o megacomplexo industrial projetado para a Galiza, num investimento próximo de mil milhões de euros e que promete criar 500 postos de trabalho diretos e 2.000 indiretos, está ainda “em processo de tramitação da licença ambiental integrada, um passo importante para a tomada da decisão final de investimento”.

A construção desta unidade com capacidade para produzir anualmente 200 mil toneladas de pasta solúvel e 60 mil toneladas de fibras têxteis sustentáveis (lyocell), tem sido alvo de grande contestação na região devido aos impactos ambientais. A empresa portuguesa conta com a atribuição de um apoio público de Madrid, à volta de 215 milhões de euros, através dos fundos europeus da bazuca espanhola.

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