Fidelidade admite retomar IPO da Luz Saúde mas “dificilmente” antes de 2025
A dona do grupo de saúde, que este ano abandonou os planos de levar a empresa para a bolsa, também não descarta a venda direta de uma posição na Luz Saúde, ainda que dê preferência a um IPO.
Depois de ter decidido suspender os planos para avançar com a oferta pública inicial (IPO, na sigla anglo-saxónica) da Luz Saúde, devido às “condições de mercado adversas”, a Fidelidade, a seguradora portuguesa controlada pelos chineses da Fosun que detém o grupo de saúde, admite voltar a avaliar uma nova tentativa para avançar com a colocação em bolsa da Luz Saúde. No entanto, a avançar, a operação apenas deverá ocorrer em 2025, estando ainda a ser equacionada uma venda direta a uma posição minoritária.
“Estamos agora a avaliar as condições do mercado para ver se faz sentido, dentro de alguns meses, voltar ao mercado com um potencial IPO”, disse o CEO da Fidelidade, Rogério Campos Henriques, em entrevista à Bloomberg. O líder da seguradora adiantou que a empresa tem conversado “com bancos, com consultores que nos procuram e basicamente nos dão a sua perspetiva sobre o que consideram melhor.”
A Luz Saúde anunciou, no passado dia 23 de abril, que decidiu suspender os planos para avançar com o IPO devido às condições de mercado adversas e que iria continuar a monitorizar ativamente o mercado e a evolução favorável das avaliações do setor da saúde, admitindo a possibilidade de retomar o processo numa transação que reconheça o valor da empresa.
No mesmo dia em que foi anunciada a decisão, O ECO apurou que as novas opções incluem a venda direta de uma posição minoritária – a Fidelidade pretende manter a maioria do capital da Luz Saúde – a um investidor institucional, ou a realização de um IPO destinado a investidores particulares.
Os planos de regresso à bolsa da Luz Saúde, para depois de ter saído do mercado em 2018, passavam pela emissão de novas ações destinadas a investidores institucionais, nacionais e estrangeiros, numa operação onde esperava levantar 100 milhões de euros, numa operação que avaliava a empresa em cerca de mil milhões de euros.
Um dos principais entraves à realização da oferta terá sido as avaliações da empresa, as quais estariam desajustadas face ao valor justo considerado pelos analistas, o que significa que, provavelmente, a seguradora não iria conseguir levantar o montante pretendido.
“A principal questão pela qual não avançamos com o IPO foi claramente a avaliação”, disse Henriques. “Durante aquela semana ouvimos coisas como descontos superiores a 30%. A Luz Saúde é um trunfo. Portanto, merece uma avaliação adequada”, reforçou o CEO da Fidelidade à Bloomberg.
Pedro Lino, CEO da Optimize, uma das gestoras que queria comprar ações da empresa no IPO, era um dos especialistas que concordava que a avaliação da empresa para o negócio era elevada. “A nossa avaliação apontava para um valor próximo dos 800 milhões de euros e não os mil milhões indicados pela empresa. Este deve ter sido o maior entrave e não a instabilidade dos mercados até porque após uma correção, os mercados regressaram às subidas”, considerou à data Lino.
Apesar de admitir retomar os planos para uma dispersão em bolsa, Henriques adianta que um possível IPO da Luz Saúde não deverá acontecer antes de 2025, não descartando ainda a venda direta de uma participação minoritária – “teria que ser com uma avaliação muito boa” – , ainda que prefira o IPO: “Dá maior visibilidade ao ativo”.
Fidelidade a caminho da bolsa
Além dos planos para fazer o IPO da Luz Saúde, a Fidelidade admitiu, em abril, preparar a sua própria entrada em bolsa. “Acreditamos que haverá muitos investidores interessados na Fidelidade e estamos a preparar a empresa para esta mudança”, referiu o CEO da seguradora, acrescentando que não há data para esta operação. “Vai ser nos próximos anos seguramente”.
Presente atualmente em 13 países, a Fidelidade está agora a avaliar oportunidades de aquisição no México, Colômbia e Panamá, adiantou o responsável, que não quis dar detalhes adicionais sobre o timing destas possíveis aquisições, nem a sua dimensão.
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