Centeno quer fazer segundo mandato no Banco de Portugal

O governador do Banco de Portugal garante, no podcast do Expresso Bloco Central, que está a trabalhar para ser reconduzido em funções para um segundo mandato.

Na semana em que o ministro das Finanças indica um novo administrador para o Banco de Portugal, Mário Centeno faz uma declaração surpreendente, tendo em conta o contexto politico e a mudança de governo. “Estou a desempenhar o cargo de governador para chegar a julho do ano que vem em condições de ter um segundo mandato“, afirmou no podcast ‘Bloco Central’, com Pedro Siza Vieira e Pedro Marques Lopes e moderado pelo jornalista Paulo Baldaia. E tem vontade de continuar como governador? “Tenho”, respondeu.

A SIC antecipa, esta quinta-feira, as declarações do governador neste podcast do Expresso. “Obviamente eu não estou a desempenhar o cargo para, no fim desse mandato, ser dispensado por via do meu desempenho. Essa avaliação política, também, tem de ser feita por quem lhe competir“, disse Centeno, questionado sobre o ano que falta em funções neste mandato.

A afirmação de Centeno parece contrariar os rumores, nunca desmentidos pelo próprio, de que estaria a avaliar uma candidatura à Presidência da República. Centeno, de resto, termina o mandato em julho do próximo ano, o tempo ideal para preparar a corrida a Belém. Aliás, segundo noticia o Expresso, Centeno é também questionado sobre as presidenciais e mantém o tabu. “Como as instituições, os momentos devem ser respeitados”, disse o governador, e acrescentou que “todos terão de tomar decisões”.

Como Centeno salienta, a decisão de continuidade no Banco de Portugal depende da sua vontade, mas em última análise da decisão de Joaquim Miranda Sarmento. E o sinal que o ministro das Finanças deu esta semana não vai no mesmo sentido. Nos corredores do Banco de Portugal, sabe-se que o governador defende que Hélder Rosalino deveria sair no momento em que termina o mandato, em setembro próximo, mesmo que o Governo não tenha indicado um substituto. No entanto, quando o ministro das Finanças nomeia já um novo administrador, notícia em primeira mão do ECO, para preencher todos os lugares previstos na lei orgânica, está na prática a dizer também que haverá um substituto de Rosalino.

De resto, é conhecida a posição do ministro das Finanças sobre a passagem de Mário Centeno para o Banco de Portugal, depois de ser ministro das Finanças de António costa. “A entrevista do ainda ministro das Finanças, na passada quinta-feira à RTP, foi lamentável. Disse o Doutor Centeno que só ficou como ministro das Finanças por causa da presidência do Eurogrupo. Deu razão ao que foi dito na campanha eleitoral do ano passado: ele estava a prazo, queria abandonar o Executivo, e ficava até final do 1º semestre com o objetivo de concluir o Eurogrupo e depois saltar para o lugar de Governador. Mostrou que pouco ou nada lhe importa o interesse nacional. Que acima desse interesse está a sua vaidade pessoal e a sua ambição”, escreveu Miranda Sarmento em artigo de opinião no ECO em junho de 2020. Agora, vai ter uma decisão para tomar.

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