Recuperação do Japão não alivia nervosismo dos investidores
As bolsas europeias iniciaram o dia a subir à boleia dos ganhos históricos de 10% do japonês Topix, mas rapidamente inverteram a tendência, enquanto Wall Street prepara-se para abrir em alta.
Os mercados europeus continuam a viver uma montanha-russa de emoções, após a volatilidade extrema e as quedas acentuadas registadas na sessão desta segunda-feira.
Os principais índices europeus abriram esta terça-feira em alta, mas rapidamente inverteram a tendência, refletindo a incerteza que continua a dominar os investidores, como é espelhado pelo índice do medo europeu, o Vstoxx, que, apesar de estar a corrigir 14%, permanece em níveis historicamente elevados.
O índice pan-europeu Stoxx 600, que caiu 3,5% na segunda-feira, abriu esta terça-feira a subir 0,46%, para três horas depois estar a cair 0,4% e encontrar-se atualmente a negociar praticamente inalterado, com uma descida de apenas 0,07%. Este sobe e desce foi também espelhado pelos restantes índices regionais europeus, como o nacional PSI, que após ter aberto em ligeira subida (cerca de 0,01%), chegou a cair quase 1% pelas 11h09, negociando atualmente a cair 0,6%, com apenas quatro ações a negociar com ganhos.
Nos EUA, os futuros dos principais índices mostram uma tendência mais positiva. Depois de terem começado a negociar com uma recuperação tímida, os futuros do S&P 500 e do Dow Jones estão a subir cerca de de 0,7%, e os futuros do Nasdaq apontam para uma abertura em alta de cerca de 1%. Esta recuperação segue-se a uma das piores sessões dos últimos dois anos, onde o S&P 500 caiu 3% e o Nasdaq perdeu 3,43%.
Não há razão para que a Reserva Federal dos EUA faça um corte de emergência nas taxas de juro entre as suas reuniões programadas.
Estes movimentos surgem também depois de o principal índice do Japão, o Topix, ter encerrado esta terça-feira a subir 10,2%, depois de na segunda-feira ter caído quase 13%. Trata-se da maior recuperação do índice nipónico desde outubro de 2008, refletindo uma tentativa de estabilização após a pior sessão desde 1987.
A volatilidade continua a ser uma preocupação central no mercado. O índice VIX, conhecido como o “índice do medo” de Wall Street, apesar de estar a corrigir 18%, permanece nos níveis mais altos dos últimos dois anos.
Este ambiente de fortes correções e de elevada volatilidade levou, inclusive, vários analistas e traders a anteciparem um corte de emergência das taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana. No entanto, Jean-Claude Trichet, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), comentou esta terça-feira na CNBC que “não há razão para que a Reserva Federal dos EUA faça um corte de emergência nas taxas de juro entre as suas reuniões programadas”. Trichet sublinhou que tal medida poderia criar um “elemento de ansiedade” desnecessário nos mercados.
Apesar do nervosismo, alguns analistas veem as quedas recentes como uma oportunidade de compra. Mohit Kumar, economista chefe para a Europa da Jefferies International, afirmou que “os movimentos violentos do mercado nos últimos dias representam uma oportunidade de compra”. Esta visão é partilhada por outros especialistas que consideram que, historicamente, comprar ações após uma queda significativa tende a ser lucrativo.
O Goldman Sachs refere que comprar o S&P 500 após uma queda de 5% é normalmente uma aposta rentável em 84% dos casos, escreve David Kostin, analista do banco de investimento, numa nota enviada esta terça-feira aos clientes da instituição, citando um estudo. “Correções de 10% também têm sido oportunidades de compra atraentes na maioria das vezes,” embora o histórico não seja tão forte como após uma queda menor, escreve Kostin.
A incerteza permanece elevada, com muitos investidores a protegerem os seus portefólios contra uma possível queda extrema do mercado. Christopher Dembik, conselheiro sénior de investimentos na Pictet Asset Management, prevê que “o mês de agosto será marcado por uma tendência negativa”, refere o especialista à Bloomberg.
No entanto, há uma esperança de que as medidas dos bancos centrais e os resultados das grandes empresas tecnológicas possam trazer alguma estabilidade ao mercado.
Os mercados estão a tentar encontrar um equilíbrio após as quedas acentuadas de ontem. A volatilidade permanece alta, mas há sinais de que alguns investidores estão a ver as quedas como uma oportunidade de compra. A comunicação clara e as medidas dos bancos centrais serão cruciais para determinar a direção futura dos mercados.
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