Investimento em ouro através de ETF bate recorde
Os fundos cotados auríferos atingiram em julho um recorde de 246 mil milhões de euros sob gestão, graças à entrada de capital mais elevada desde abril de 2022 por parte dos investidores.
O ouro, tradicionalmente visto como um ativo de refúgio em tempos de incerteza económica, voltou a captar a atenção dos investidores em julho. Segundo o relatório mais recente do World Gold Council, os fundos cotados (conhecidos também como ETF, de exchange-traded funds) do ouro tiveram a maior entrada de capital desde abril de 2022, com um influxo de 3,7 mil milhões de dólares. “Globalmente, os ETF de ouro fisicamente garantido registaram entradas durante três meses consecutivos”, destaca o relatório.
Em julho, todos os mercados regionais reportaram fluxos positivos nos ETF auríferos. Este comportamento, combinado com uma subida de 4,1% da cotação do ouro em julho, elevou o total de ativos sob gestão destes fundos para um recorde de 246 mil milhões de dólares no final do mês de julho. Além disso, estes ETF aumentaram em 48 toneladas a sua exposição ao metal dourado, atingindo 3.154 toneladas, o valor mais alto desde janeiro deste ano.
Na América do Norte, os ETF auríferos registaram a entrada de dois mil milhões de dólares, revertendo as pequenas saídas observadas em maio e junho. Este movimento foi impulsionado por fatores políticos e económicos, incluindo a tentativa de assassinato de Donald Trump e a desistência de Joe Biden da corrida presidencial, que aumentaram a procura por ativos de refúgio seguro como o ouro, referem os analistas do World Gold Council.
Além disso, a expectativa de cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA contribuiu para a queda da rendibilidade dos títulos de dívida do Tesouro norte-americano e para o enfraquecimento do dólar, o que, por sua vez, impulsionou o preço do ouro no mês passado.
Na Europa, os ETF de ouro atraíram 1,2 mil milhões de dólares, o valor mais alto desde março de 2022. O Reino Unido e a Suíça lideraram os influxos, num contexto de rendimentos decrescentes das obrigações governamentais e expectativas de cortes nas taxas de juro pelo Banco Central Europeu e pelo Banco de Inglaterra. “A Europa registou entradas durante três meses consecutivos, atraindo 1,2 mil milhões de dólares em julho, o valor mais alto desde março de 2022”, refere o relatório.
A confiança renovada nas finanças públicas britânicas, após a declaração fiscal da nova chanceler Rachel Reeves, também contribuiu para a diminuição da rendibilidade das obrigações do Tesouro britânico (Gilts) e aumentou o interesse dos investidores em ETF de ouro.
A Ásia também não ficou atrás da tendência global e continuou a sua sequência de 17 meses de fluxos positivos, atraindo mais 438 milhões de dólares em julho. “A Índia liderou os influxos, beneficiando de mudanças fiscais favoráveis no orçamento recente”, destaca o relatório. A China e o Japão também registaram entradas significativas, impulsionadas por fraquezas nos mercados de ações e fortes desempenhos locais do preço do ouro.
O aumento global da entrada de capital nos ETF auríferos reflete uma combinação de fatores económicos e políticos que têm aumentado a incerteza nos mercados globais. A expectativa de cortes nas taxas de juro por parte dos principais bancos centrais, juntamente com a volatilidade dos mercados de ações, tem levado os investidores a procurar segurança no ouro e a puxar pelo preço do metal: desde o início do ano, a cotação do ouro escalou 18% em dólares e 19% quando medido em euros, enquanto as ações mundiais medidas pelo índice MSCIWorld escalaram apenas 11,3%.
Com a continuação das incertezas económicas e políticas, é provável que o ouro mantenha a sua posição como um investimento estratégico para muitos investidores. Os ETF de ouro, em particular, os fundos detentores de ouro físico, oferecem uma forma conveniente e líquida de investir no metal precioso, permitindo aos investidores beneficiar das flutuações do preço do ouro sem a necessidade de comprar e armazenar o metal físico.
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