Governo promete decidir substituição do “anel interilhas” ainda este ano

Ministro da Economia constituiu "grupo de projeto" para iniciar os trabalhos de substituição dos cabos submarinos que ligam sete das nove ilhas dos Açores, e que estão em fim de vida.

O ministro da Economia ordenou a criação de um “grupo de projeto” para estudar a “configuração técnica e financeira mais adequada” para a substituição dos cabos submarinos que ligam sete das nove ilhas dos Açores, um sistema conhecido por “anel interilhas”. O grupo tem de concluir os trabalhos até ao final de outubro e o Governo promete decidir sobre o tema ainda este ano, “em tempo útil”.

A constituição deste “grupo de projeto” foi oficializada por despacho do ministro Pedro Reis, publicado esta terça-feira no Diário da República, em que se assume que o sistema de cabos submarinos denominado “anel interilhas” já “atingiu a sua vida técnica máxima”, pelo que “importa prevenir a sua obsolescência e inerente risco acrescido de falha intempestiva, ultrapassado que está o seu período de vida útil”.

Entre os membros estarão representantes das Finanças, Coesão Territorial, Infraestruturas e Economia, bem como da Anacom, o regulador das comunicações, que irá coordenar os trabalhos. O grupo contará ainda com um representante do Governo Regional dos Açores.

“Dada a dimensão do esforço de investimento envolvido e as implicações do modelo a adotar para o respetivo financiamento e gestão, se julga imperioso que o Estado Português defina uma orientação estratégica nesta matéria”, aponta ainda o diploma, que sublinha que a constituição deste grupo foi um “compromisso” do Governo antes de tomar uma decisão sobre esta matéria “ainda durante o ano de 2024”.

Em concreto, o grupo de projeto terá de “propor uma solução técnica que permita que a conectividade se faça de acordo com o melhor estado da arte, quer quanto ao tipo de cabos, quer quanto à capacidade e velocidade de transmissão de voz e de dados, quer, ainda, no que diz respeito às medidas de resiliência e redundância que devem ser implementadas para garantir a continuidade da prestação de serviços nesta região”.

O grupo terá também de “propor o modelo de negócio e de financiamento”. No despacho, o ministro da Economia admite a possibilidade de serem mobilizados fundos europeus.

Além disso, terá de “ponderar a possível utilização complementar do novo anel interilhas em articulação com o novo anel CAM como Plataforma Atlântica CAM”. O anel CAM, que liga o continente, os Açores e a Madeira, é outro projeto em curso para substituir os cabos submarinos que ligam estas três regiões do país. Em março deste ano soube-se que a Alcatel Submarine Networks foi a empresa escolhida para executar a empreitada, cuja conclusão está prevista para 2026, num investimento de 154,4 milhões de euros.

Segundo o Governo, o “anel interilhas” está em operação desde 1998 e os cabos ligam sete das nove ilhas do arquipélago açoriano. “As ilhas de Flores e Corvo são servidas por um cabo submarino mais recente que entrou ao serviço em 2014”, acrescenta o ministro Pedro Reis no referido diploma.

À semelhança do que foi decidido para o anel CAM, o Governo admite no despacho que o anel interilhas poderá incluir tecnologias de “deteção sísmica”, assim como suportar “tráfego associado a projetos científicos”.

“O grupo de projeto deve concluir os seus trabalhos até 31 de outubro de 2024, com a entrega ao Governo de um relatório final do qual conste as recomendações relativas à substituição do anel interilhas, salvo despacho que determine o prolongamento da sua missão”, remata ainda o despacho.

Esta decisão do Governo acontece pouco mais de um mês depois de o vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, ter alertado ser “urgentíssimo” o arranque dos trabalhos para a substituição dos cabos submarinos interilhas após uma reunião com a presidente da Anacom, Sandra Maximiano.

“É muito importante o novo cabo submarino interilhas. É muito urgente que seja feito. Por isso, já enviei ao senhor ministro das Infraestruturas [Miguel Pinto Luz] uma carta a solicitar a criação de um grupo de trabalho conjunto, com a Anacom, os Governos da República e Governo Regional, para com darmos início a esse processo”, disse Artur Lima, sublinhando: “É urgentíssimo o anel interilhas e, sobretudo, o seu financiamento.”

Os cabos submarinos são cabos de fibra ótica que atravessam o oceano, permitindo o fluxo de dados e informação e, em geral, o acesso à internet e a comunicações eletrónicas.

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