Moedas pede “ainda menos” movimentos no Aeroporto de Lisboa ao Governo
Obras no aeroporto de Lisboa preveem um aumento das movimentações por hora dos atuais 38 para 45, e embora o valor seja inferior ao decretado pelo anterior Governo, Moedas pede uma redução maior.
O presidente da Câmara de Lisboa garante que a sua posição em relação ao aeroporto Humberto Delgado “nunca mudou” e apela ao Governo que vá mais longe na diminuição dos movimentos por hora face às queixas associadas ao ruído noturno e poluição.
À margem da Assembleia Municipal, que decorreu esta terça-feira na Câmara de Lisboa, Carlos Moedas recordou que o atual Governo decidiu não concretizou o aumento de 38 para 72 movimentos por hora, recorrendo a outras pistas, tal como intencionava o Governo socialista, para 45, no âmbito das obras de expansão do aeroporto de Lisboa. E, embora admita que essa redução seja positiva face à decisão socialista, Carlos Moedas admite que “preferia que fosse ainda menos“. É uma “decisão dos reguladores”, defendeu-se.
“Esse aumento não depende da Câmara Municipal de Lisboa. Como presidente da câmara, quero ter o mínimo de movimentos por hora e esse mínimo só será zero quando Alcochete estive pronto”, declarou, defendendo que o prazo previsto para a construção do novo aeroporto deveria ser inferior aos 10 anos previstos. “Queremos uma diminuição dos movimentos que este Governo diminuiu face ao Governo anterior, mas que deveria baixar. Chegaremos a zero em 2034, mas se chegarmos mais cedo ainda melhor“, concluiu.
Face às obras para o aumento de capacidade temporária do Aeroporto Humberto Delgado, Carlos Moedas exige à ANA Aeroportos que o município e os munícipes de Lisboa sejam compensados, seja por via da taxa de carbono ou pela realização de obras nas habitações para estarem melhor protegidas do ruído. Sobre esta última, o autarca alerta que isso “não tem sido feito, e tem de ser feito”.
“Mais uma vez digo às pessoas, reclamem. A Câmara [tem reclamado] e temos ajudado as pessoas, indicando o caminho [que devem seguir]”, frisou.
Esta terça-feira, a associação ambientalista Zero divulgou um estudo realizado com base nos dados da ANA Aeroportos que revela que, entre 26 de agosto e 1 de setembro, foram registados 161 voos a aterrar ou descolar do aeroporto Humberto Delgado, entre a meia noite e as seis da manhã. Este número de voos noturnos equivale a quase o dobro dos permitidos por lei, que são 91 por semana.
Ambientalistas manifestam a Carlos Moedas a sua oposição à expansão da Portela
Associações ambientalistas e cívicas manifestaram esta terça-feira ao presidente da Câmara de Lisboa a sua oposição à expansão do Aeroporto Humberto Delgado, devido ao ruído e à poluição, e defenderam que a aposta deve ser feita no alargamento da ferrovia. Dezenas de associações ambientalistas e de moradores da cidade de Lisboa estão a ser esta tarde ouvidas numa reunião pública extraordinária do executivo municipal para debater os efeitos do aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado.
Numa curta intervenção inicial, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), assegurou que o executivo está de acordo com as limitações de voos, mas ressalvou que “deve existir um equilíbrio com a atividade turística e económica”. Contudo, as entidades que estão a ser ouvidas manifestaram a sua oposição à expansão do aeroporto, alertando para as consequências que “já são visíveis”, nomeadamente a nível do ruído e da poluição ambiental.
O presidente da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Pedro Amaral, sublinhou que “um aumento da oferta irá aumentar a procura, agravando as consequências já negativas do funcionamento do Aeroporto Humberto Delgado”. “As verbas públicas deviam ser canalizadas para o transporte ferroviário”, defendeu.
No mesmo sentido, o presidente da associação Zero, Francisco Ferreira, referiu que a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do aeroporto de Lisboa é de 2006 e que previa o encerramento daquela infraestrutura em 2015. “É inacreditável como é que nenhuma entidade põe isto em causa”, declarou.
Já José Rodrigues, do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) defendeu a abolição total dos voos noturnos e a aposta na ferrovia, “tornando viável o Aeroporto de Beja”. “É totalmente viável que se faça uma viagem de Beja para Lisboa de comboio”, apontou.
Por seu turno, várias associações de moradores, como a Associação Residentes do Alto do Lumiar e da Serafina, descreveram os impactos negativos que a atividade do aeroporto tem no seu dia-a-dia, especialmente no período noturno. “Não podemos subscrever este alargamento. Pedimos também à Câmara e ao senhor presidente que não subscreva este alargamento”, afirmou José Almeida, daquela associação.
A discussão sobre o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado teve lugar esta tarde, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa, e decorre de um pedido do PS. Segundo a vereação socialista, vivem nas freguesias contíguas ao aeroporto “cerca de 100 mil pessoas, já sujeitas a impactos negativos em matéria de ruído, poluição e congestionamentos viários”.
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