BCE corta taxas de juro pela segunda vez este ano
O Banco Central Europeu confirmou as expectativas de investidores e analistas e cortou a taxa de depósitos em 25 pontos base e em 60 pontos base as restantes taxas diretoras.
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira um novo corte de 25 pontos base da taxa de juro de facilidade permanente de depósito, que a coloca agora nos 3,5%. Esta é a taxa através da qual o Conselho do BCE define a orientação da política monetária.
“Tendo em conta a avaliação atualizada realizada pelo Conselho do BCE quanto às perspetivas de inflação, à dinâmica da inflação subjacente e à força da transmissão da política monetária, é agora apropriado dar mais um passo no sentido de moderar o grau de restritividade da política monetária“, refere o BCE em comunicado.
Esta decisão, amplamente antecipada pelos analistas, marca o segundo corte realizado pela autoridade monetária da Zona Euro este ano (o primeiro foi anunciado em junho seguido de uma pausa intercalar em julho), sinalizando uma mudança gradual na política monetária do banco central.
“As razões para o corte de taxas de hoje parecem óbvias: a inflação global continuou a descer e as previsões de crescimento e inflação do próprio BCE confirmaram o quadro macroeconómico do BCE dos últimos meses”, referiram os analistas do ING.
Além disso, também como alguns analistas previam, o BCE decidiu alargar o diferencial entre as taxas diretoras, que durante vários anos se manteve nos 50 pontos base, ao cortar em 60 pontos base a taxa de juro de refinanciamento e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez, que agora se fixam nos 3,65% e 3,9%, respetivamente.
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O Conselho do BCE destaca que “os dados recentemente disponibilizados sobre a inflação são, em geral, como esperado e as mais recentes projeções elaboradas por especialistas do BCE confirmam as anteriores perspetivas de inflação.”
Os especialistas do BCE continuam projetar que a inflação global se situe, em média, em 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026, em consonância com o avançado nas projeções de junho, mas que volte “a subir na parte final deste ano, parcialmente porque anteriores quedas acentuadas dos preços dos produtos energéticos deixarão de ser incluídas nas taxas homólogas.”
Relativamente à inflação subjacente, as novas projeções do BCE para este ano e para o próximo foram revistas ligeiramente em alta, em virtude de a inflação dos serviços ter sido mais elevada do que o esperado. Ao mesmo tempo, os especialistas continuam a esperar uma descida rápida da inflação subjacente, de 2,9% em 2024 para 2,3% em 2025 e 2,0% em 2026, lê-se no comunicado da autoridade monetária da Zona Euro.
O Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica.
O Conselho do BCE liderado por Christine Lagarde volta a sublinhar que está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2% e, “para o efeito, manterá as taxas de juro diretoras suficientemente restritivas enquanto for necessário” e “continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na determinação do nível e da duração adequados da restritividade.”
Além disso, salienta que “o Instrumento de Proteção da Transmissão está disponível para contrariar dinâmicas de mercado desordenadas, injustificadas e passíveis de representar uma ameaça grave para a transmissão da política monetária em todos os países da área do euro, permitindo, assim, ao Conselho do BCE cumprir mais eficazmente o seu mandato de estabilidade de preços.”
Em comunicado, o Conselho do BCE esclarece ainda que “as suas decisões sobre as taxas de juro basear-se-ão na avaliação das perspetivas de inflação à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária”, sublinhando ainda que “o Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica.”
O BCE revela ainda que, como anunciado a 13 de março, algumas alterações ao quadro operacional para a execução da política monetária terão efeitos a partir dos próximos dias (18 de setembro). Entre essas alterações está o facto de “o diferencial entre a taxa de juro das operações principais de refinanciamento e a taxa de juro da facilidade permanente de depósito será fixado em 15 pontos base”, enquanto “o diferencial entre a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez e a taxa das operações principais de refinanciamento permanecerá inalterado em 25 pontos base.”
A autoridade monetária liderada por Christine Lagarde revela ainda que a carteira do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) “está a diminuir a um ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos”, sublinhando novamente que o Conselho do BCE tenciona descontinuar os reinvestimentos no contexto do PEPP (programa de compra de ativos devido à emergência pandémica) no final de 2024.
“O Conselho do BCE continuará a aplicar flexibilidade no reinvestimento dos reembolsos previstos no âmbito da carteira do PEPP, a fim de contrariar os riscos para o mecanismo de transmissão da política monetária relacionados com a pandemia”, lê-se no comunicado.
A presidente do BCE exporá as razões que determinaram estas decisões numa conferência de imprensa a realizar hoje às 14h45.
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