Boards do PSI sobem diversidade mas “colam-se” aos mínimos

De acordo com dados disponibilizados pela Euronext, em 2023, as empresas cotadas no PSI estiveram melhor no que toca à diversidade dos boards, mas, em média, não se afastam muito dos mínimos legais.

A diversidade de género nos conselhos de administração das empresas do PSI, o principal índice da bolsa portuguesa, estava em média em torno dos 36% em 2023, acima dos 34,6% correspondente ao universo total de empresas da Euronext, indica a gestora da bolsa de Lisboa. No entanto, quatro empresas respeitam apenas o mínimo legal de 33,3%, nenhuma ultrapassa os 42% e há até algumas a regredir.

A nível global, as cotadas da Euronext atingiram um nível médio de diversidade de 34,6%, numa subida de 2,1 pontos percentuais, lê-se no relatório Relatório de Tendências ESG 2024. Este relatório, lançado pela primeira vez na semana passada a propósito da Semana da Sustentabilidade da Euronext, alimenta-se dos dados disponíveis no My ESG Profile, que agrega os dados relativos a vários indicadores ESG desde 2021 e faz parte do perfil das cotadas da Euronext.

Olhando para as cotadas do PSI, a subida na diversidade dos conselhos de administração processou-se acima da média da Euronext – aumentou 3,3 pontos percentuais entre 2021 e 2023 – atingindo o patamar dos 36%.

De acordo com o levantamento feito pelo ECO/Capital Verde nos relatórios das cotadas e no My ESG Profile, a ferramenta da Euronext que disponibiliza dados ESG das cotadas, cinco empresas mantiveram-se estagnadas no que toca à percentagem de diversidade de género entre 2021 e 2023 (EDP, Altri, Corticeira Amorim, Greenvolt e Ibersol), oito evoluíram positivamente (BCP, CTT, EDP Renováveis, Galp, Jerónimo Martins, Nos, Semapa e Navigator) e duas regrediram (Mota-Engil e REN), tal como pode consultar na tabela abaixo.

Questionada sobre o declínio na percentagem de diversidade do respetivo conselho de administração, a REN sublinha que a queda é “pouco expressiva”, e indica que “resulta de alterações normais na composição do Conselho de Administração da REN, mantendo-se a empresa dentro dos limites legais e cumprindo com os compromissos assumidos em termos de igualdade de género”. Por seu lado, a Mota-Engil não prestou declarações.

A cotada com a maior evolução foi a Galp, de 14,6 pontos percentuais, mas aquela com melhor desempenho neste indicador é a EDP Renováveis. Quatro das cotadas apresentam o nível mínimo requerido por lei, os 33,3%. São elas a Nos, a REN, Altri e a Sonae.

De acordo com a lei publicada em 2017, a proporção de pessoas de cada sexo designadas para cada órgão de administração e de fiscalização de cada empresa, no caso das empresas cotadas em bolsa, não pode ser inferior a 33,3%, a partir da primeira assembleia geral eletiva que tenha ocorrido a partir do início de 2020.

A CEO da Euronext, Isabel Ucha, considera que “embora os números em absoluto não sejam satisfatórios, já que a ambição é paridade, a evolução está a ser positiva. Talvez devesse ser mais acelerada”, reflete, em declarações ao ECO/Capital Verde.

O professor de Educação Executiva na Nova School of Business and Economics, Duarte Pitta Ferraz, que é especialista em Governança e consultor nesta área, alerta que “há empresas que estão a nomear não-executivas para preenchimento das quotas mas continuam a manter comissões executivas abaixo dos mínimos legais“.

A situação descrita não viola a lei, porque a lei não distingue entre comissão executiva e conselho de administração, “mas claramente está desalinhado das melhores práticas e do objetivo de ter diversidade também na comissão executiva [ou, no caso de uma estrutura dualista, no conselho de administração executivo]”.

Emissões poluentes também melhoram, mas há poucos dados

A mesma tendência de melhoria verifica-se noutro indicador: as empresas do PSI para as quais existem dados disponíveis – 9 no total – reduziram as emissões de âmbito 1 e 2 em 39% nos três anos até 2023, indica a Euronext. Uma redução que é mais do dobro da verificada no universo total de cotadas da Euronext. Em Portugal, a cotada que mais melhorou este indicador foi a EDP, com uma quebra de 57%, contribuindo grandemente para o resultado de 39%, uma vez que se trata de uma média ponderada.

Já o universo total de cotadas da Euronext reduziu as respetivas emissões de gases com efeito de estufa em 14%, numa ponderada entre 2021 e 2023, de acordo com o relatório ESG Trends Report.

As emissões de âmbito 3, associadas à cadeia de valor de uma empresa, são uma área chave que precisa de melhorias no futuro, identifica a Euronext no relatório.

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