Mota-Engil financia-se em 80 milhões de euros junto de quase 5 mil investidores

A procura pelos títulos de dívida verdes da construtora superou em 8% a oferta da operação, atraindo mais de 3 mil investidores na oferta de subscrição e quase 2 mil investidores na oferta de troca.

A Mota-Engil concluiu com sucesso o empréstimo obrigacionista “sustentável” a cinco anos, captando um total de 80 milhões de euros, o montante máximo previsto após a revisão em alta do valor inicial, junto de 4.966 investidores.

Segundo dados divulgados pela Euronext Lisboa, a procura total pelas obrigações atingiu 86,36 milhões de euros, superando em 8% a oferta disponível. Este interesse dos investidores levou a construtora liderada por Carlos Mota a aumentar o montante da operação dos 50 milhões inicialmente previstos para 80 milhões de euros.

“Concretizou todos os objetivos que nos tínhamos proposto”, destaca Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil na apresentação dos resultados da operação na Euronext Lisboa.

Na oferta de subscrição, foram colocados 53,14 milhões de euros, enquanto a oferta de troca captou 26,86 milhões de euros. As novas obrigações, com maturidade em 16 de outubro de 2029, oferecem uma taxa de juro fixa de 5% ao ano.

A operação atraiu um total de 3.033 investidores na oferta de subscrição e 1.933 na oferta de troca. A maioria dos subscritores optou por montantes entre 2.750 e 10 mil euros.

Esta emissão de obrigações verdes alinha-se com a estratégia de sustentabilidade da Mota-Engil, que se comprometeu a melhorar um indicador-chave de desempenho (KPI) relacionado com a sustentabilidade até 31 de dezembro de 2028, que passa por aumentar a proporção de talento local em posições de gestão para 76,8% nos próximos quatro anos.

No prospeto da operação, a empresa revela que o financiamento obtido neste empréstimo obrigacionista servirá para “dar continuidade à sua expansão internacional, bem como prosseguir a estratégia de alongamento de maturidade da sua dívida”.

A operação ocorre num momento em que a Mota-Engil reportou um aumento de 65% no lucro líquido para 49 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, impulsionado por um volume de negócios recorde de 2.732 milhões de euros.

A construtora portuguesa continua a expandir a sua presença internacional, com uma carteira de encomendas que atingiu um novo máximo de 13,72 mil milhões de euros em junho. Desde então, a empresa assinou novos contratos no valor de 1,3 mil milhões de euros.

Apesar destes resultados positivos, a Mota-Engil tem enfrentado desafios no mercado de capitais, com as suas ações a perderem cerca de metade do valor desde o pico atingido no início de 2024. Analistas atribuem esta queda a preocupações com o abrandamento económico global e à pressão de vendas a descoberto por parte do fundo de investimento norte-americano Muddy Waters Capital Domino Master Fund.

O CEO da Mota-Engil revela que a construtora nunca foi contactada pelo fundo e que não está satisfeito com a atual capitalização bolsista de 776 milhões de euros a que a construtora está a negociar na Euronext Lisboa, voltando a frisar a ideia de que “a empresa vale muito mais que 1.000 milhões de euros.”

Não querendo abordar questões relacionadas com a possibilidade de o Orçamento de Estado para 2025 ser chumbado e o país caminhar para um ambiente de eleições antecipadas, Carlos Mota Santos refere apenas que “uma crise política é problemática para a economia e não é isso que precisamos”, sublinhando que “não precisamos de um novo cenário de eleições.”

“Os ciclos políticos serem interrompidos é indesejável para a estabilidade que todas as empresas precisam”, concluiu o líder da Mota-Engil.

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