Repsol reforça investimento em eletrolisador já previsto para Sines
Repsol reforça em 15 milhões o investimento previsto para Sines. Fundos vão para eletrolisador que já consta do projeto para fábricas de polímeros da petrolífera espanhola.
A Repsol vai destinar os 15 milhões de euros ‘transferidos’ de Espanha para o reforço do projeto da petrolífera espanhola para Sines, um investimento num eletrolisador de 4 MW, garantiu fonte oficial ao ECO. A petrolífera esclarece que há um reforço de 15 milhões no montante investido a somar aos 657 milhões já previstos, e que permitirão aumentar a capacidade de produção de hidrogénio verde em cinco vezes.
Esta segunda-feira, vários meios de comunicação espanhóis, como o El Mundo e El Economista, e agências internacionais como Reuters, davam conta que a Repsol tinha materializado a ameaça anunciada no ano passado face ao agravamento do quadro fiscal no país vizinho: congelar os investimentos em Espanha e considerar Portugal como alternativa. Em causa, está o anúncio pelo Governo da intenção de tornar permanente a cobrança do imposto extraordinário sobre o setor energético e bancário, a partir do próximo ano. O imposto exige que as empresas petrolíferas, elétricas e de gás paguem ao Estado 1,2% sobre o volume de negócios.
“Sim, decidimos levar um investimento de hidrogénio renovável para Sines, tendo em conta o anúncio do governo espanhol de que a taxa sobre a energia será permanente”, afirmam fontes autorizadas da Repsol ao jornal El Mundo, que avançam também que este será o primeiro de vários projectos de hidrogénio verde projetados para Espanha, mas que, afinal, poderão vir para Portugal.
O investimento em questão, de 15 milhões de euros, tem como destino o Complexo Industrial de Sines, localização onde a Repsol tem já em curso a construção de duas fábricas de polímeros 100% recicláveis para a indústria farmacêutica, automóvel e agroalimentar. O investimento contempla a instalação de um eletrolisador de 4 MW que “servirá para gerar oportunidades de comercialização” assim que as necessidades das duas novas fábricas de polímeros, em Sines, tiverem sido “satisfeitas”, explicou fonte oficial ao ECO.
Tanto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto de ampliação do Complexo Industrial de Sines, submetido em 2022, como na Declaração de Impacte Ambiental (DIA), de 2023, já vem contemplada a infraestrutura em causa, ainda que com ajustes nos detalhes. “O Projeto Alba inclui: (…) a instalação de uma unidade de produção de hidrogénio por eletrólise e armazenagem de reserva”, lê-se no DIA do projeto de Sines.
Nestes documentos, o eletrolisador previsto para o Complexo Industrial de Sines conta com uma potência de 4,32 MW que serviria penas para alimentar as duas fábricas. Ademais, estava previsto inicialmente a produção de 120 toneladas de hidrogénio por ano, e não de 600 toneladas como agora é anunciado.
Ao que o ECO apurou, este aumento em cinco vezes das toneladas produzidas não altera a potência instalada do eletrolisador, uma vez que a quantidade de hidrogénio que produz está inteiramente dependente das horas que a infraestrutura opera e da sua eficiência.
Questionada sobre a existência prévia do projeto, fonte da Repsol afirma que “neste momento, a empresa decidiu priorizar os seus investimentos em Portugal, que se materializam em Sines, com a decisão final de investimento de 15 milhões no eletrolisador, adicionais aos 657 milhões de euros do projeto de expansão em curso.” Ou seja, trata-se de um reforço do investimento.
A notícia já correu o país e por cá o Governo já teve oportunidade de reagir. Ao ECO, o Ministro da Economia considera que “o investimento espanhol é muitíssimo bem-vindo a Portugal”, sendo esta aposta “muitíssimo estruturante” para o país.
Neste momento, nem a Endesa nem a Cepsa tencionam avançar no mesmo sentido que a Repsol, confirmaram fontes oficiais ao ECO, mas Pedro Reis considera que “todo o investimento externo é importante para nós e, por maioria de razão, o espanhol é particularmente próximo, interessante e complementar”.
Endesa sem intenção de deslocalizar investimentos
Além da Repsol, outras energéticas espanholas com atividade em Portugal já sinalizaram descontentamento com a evolução do quadro fiscal em Espanha, nomeadamente, a Iberdrola, Naturgy, Endesa e Cepsa, de acordo com o jornal Expansíon, tendo estas empresas encetado contactos com o Governo espanhol e com outras figuras políticas para tentar travar a decisão do Governo de Sánchez de prorrogar o imposto extraordinário.
Ao ECO, nem a Iberdrola nem Naturgy quiseram prestar esclarecimentos sobre o assunto. Já a Endesa, embora tenha afirmado que nos últimos anos o imposto em Espanha “é discriminatório”, por considerar que há empresas “que o pagam e outras que não o fazem”, não estando por isso “em conformidade com a normativa europeia”, não tem para já intenções de mexer na localização dos investimentos.
“A Endesa nunca vinculou o imposto à paralisação ou deslocalização de investimentos fora de Espanha“, garante a gigante ao ECO.
Posição semelhante assume a Cepsa: “A Cepsa não está a realizar avaliações nesse sentido e não há nenhum planeamento concreto aprovado“.
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