Autoridade da Concorrência autoriza que Digi compre a Nowo
Regulador adotou decisão de não-oposição à compra da Nowo pela Digi cerca de dois meses depois de ter sido notificada da concentração, sem remédios.
A nova operadora Digi, que em breve se estreará no mercado português, tem via aberta para comprar a Nowo, a quarta maior do país em quota de mercado. O negócio tinha sido anunciado no início de agosto, mas a concentração ainda dependia da aprovação da Autoridade da Concorrência, que foi concedida nesta mesma quarta-feira, cerca de dois meses depois da notificação ao regulador.
No início de agosto, a Digi emergiu como a compradora da Nowo, resgatando a empresa das mãos da espanhola Lorca JVCo, que estava decidida a desinvestir do mercado português para se focar em Espanha, onde detém metade da MásOrange. A Digi ofereceu 150 milhões de euros para ficar com a Nowo, que estava por sua própria conta e risco depois de ter falhado uma venda à Vodafone, chumbada pela mesma autoridade devido a preocupações concorrenciais.
Agora, com a não-oposição da Autoridade da Concorrência, a Digi pode concluir a compra de 100% das ações da Cabonitel, a holding da Nowo, passando a controlar ativos como licenças de espetro 5G adquiridas em 2021, uma rede de fibra ótica FTTH com 150 mil casas passadas, uma rede híbrida mais antiga de fibra e cabo que chega a 900 mil lares e licenças de distribuição de canais de televisão que poderão ajudá-la a lançar-se no mercado com uma “gama completa de serviços”, isto é, ofertas móveis, fixas e conteúdos televisivos.
A concentração também disponibiliza à Digi um portefólio com 270 mil clientes móveis e cerca de 130 mil clientes fixos, impulso importante para um novo estreante no setor em Portugal. “Esta aquisição marca um passo estratégico significativo para a Digi, permitindo uma mais rápida expansão no mercado português”, assumiu a Digi num comunicado divulgado em agosto.
A rápida viabilização da fusão Digi+Nowo, que demorou cerca de dois meses, deixa implícito que o regulador presidido por Nuno Cunha Rodrigues não tem quaisquer dúvidas de que represente uma ameaça ao nível de concorrência no setor.
Pelo contrário, a Autoridade da Concorrência entenderá que as duas empresas, juntas, poderão desafiar as três principais marcas no mercado, Meo, Nos e Vodafone, sobretudo depois de ter proibido esta última de comprar a Nowo, por acreditar que, entre outros efeitos, a fusão conduziria a subidas dos preços cobrados aos consumidores.
Para comparação, na operação com a Vodafone, o regulador esteve um ano e meio até aprovar uma decisão, demora que foi muito criticada pela operadora. Nesse tempo, foi aberta uma “investigação aprofundada” que exigiu o desenvolvimento de um modelo econométrico que desvendou o chamado “efeito Nowo”: as ofertas desta operadora pressionam os preços das telecomunicações das três maiores empresas do setor nos mercados em que ela está presente.
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