FMI prevê défices para mais de dois terços das economias avançadas em 2024 e 2025

Fundo prevê défices orçamentais para 29 das 37 economias avançadas. Israel tem o maior saldo negativo em 2025 e EUA em 2025. Portugal é um dos únicos oito países com excedente.

Contas públicas desequilibradas são uma realidade para 78% das economias avançadas, de acordo com as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas na quarta-feira. A instituição liderada por Kristalina Georgieva estima que, dos 37 países que integram este grupo, apenas oito terão excedente orçamental este ano e o próximo, entre os quais Portugal.

O Fundo estima que a média do saldo orçamental das economias avançadas seja um défice de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e de 4,5% em 2025, resultado de 29 países com saldo negativo em ambos os anos.

Para 2024, as previsões orçamentais dos técnicos de Washington variam entre um défice de 9% (Israel) e um excedente orçamental de 12% (Noruega), enquanto para 2025 o intervalo varia entre um saldo negativo de 7,3% (Estados Unidos) e um saldo positivo de 11% (Noruega).

A liderar o ranking de maiores défices em 2024, além de Israel, estão os Estados Unidos (-7,6%), o Japão (-6,1%) e França (-6%). Em 2025, além de terras de Uncle Sam estão França (-5,9%), Israel (-5,4%) e Bélgica (-5,1%). No polo oposto, com o menor défice está a Coreia (-0,5% em 2024 e -0,1% em 2025).

Nas contas do FMI são, assim, apenas oito as economias avançadas a registarem um excedente nas contas públicas: Andorra, Chipre, Dinamarca, Irlanda, Nova Zelândia, Portugal, Singapura e Suíça. Segundo as previsões, Portugal é o país com menor excedente quer em 2024, quer em 2025: 0,2%. A projeção do Fundo fixa-se abaixo da meta do Governo de 0,4% este ano e 0,3% no próximo.

Os défices nas contas públicas e os elevados níveis de dívida pública têm levado o FMI a recomendar que os países reconstruam almofadas financeiras para enfrentar eventuais futuros choques. “Os défices são elevados e a dívida pública global é muito elevada e está a aumentar”, adverte, estimando que se continuar no atual ritmo o rácio da dívida global em relação ao PIB irá aproximar-se dos 100% até ao final da década, ultrapassando o pico da pandemia.

O diretor do Departamento de Finanças Públicas do FMI, Vítor Gaspar defendeu na quarta-feira, em entrevista à Lusa, que o momento para os países combaterem o crescimento da dívida pública através de um ajustamento orçamental “é agora”.

A dívida pública a nível global é muito alta, está a crescer e tem associados riscos consideráveis, para este ano prevemos que chegue a 100 biliões de dólares e num caso de cenário adverso pode chegar aos 100% do PIB mundial até ao final da década”, disse Vítor Gaspar na entrevista à Lusa em Washington, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana na capital norte-americana.

O antigo ministro das Finanças de Portugal enfatizou que “os riscos associados a este crescimento da dívida são mais importantes do que podem parecer à primeira vista, e em quase todo o mundo o tempo de atuar para controlar a dívida e os riscos a ela associados é agora”, alertando que “um atraso no processo de ajustamento orçamental é custoso e é arriscado” devido à atual conjuntura.

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