Modernização tecnológica nos Seguros é uma urgência estratégica
Sara Atalaya, Head of Insurance da Minsait em Portugal (Indra Group), recomenda que os empresas de seguros pensem a longo prazo e preparem soluções tecnológicas de acordo com esses objetivos.
O setor segurador enfrenta desafios significativos, num contexto económico e geopolítico internacional incerto, com uma sociedade cada vez mais conectada e digital, além da rápida evolução das alterações climáticas.
Neste contexto cada vez mais exigente, competitivo e tecnológico, as seguradoras terão de conseguir acompanhar as mudanças e necessidades do mercado com a capacidade para responderem de forma mais ágil e eficiente e conseguirem gerar mais valor para os seus clientes, acionistas e sociedade em geral.
Para acompanhar as principais tendências do setor, como a criação de ecossistemas que geram novas fontes de receita, a inovação em produtos que respondam a novos riscos, a oferta de uma experiência integrada entre canais físicos e digitais e a evolução na gestão de sinistros, é fundamental investir em capacidades tecnológicas robustas, tanto em termos financeiros como operacionais.
Neste sentido, há claramente uma urgência em garantir a capacidade de as seguradoras implementarem estratégias flexíveis, adaptáveis e escaláveis, onde a tecnologia constitui a alavanca fundamental para suportar os desafios dos próximos anos. Hoje em dia, já não é possível definir uma estratégia que não envolva, em grande medida ou no seu todo, desenvolvimento tecnológico. A capacidade das organizações para integrarem e definirem as suas prioridades estratégicas, mobilizar e priorizar iniciativas ou aplicar recursos tecnológicos, é crítica para este setor.
A operar numa economia global, os Seguros devem ter um grau de modernização tecnológica que lhes permita crescer a longo prazo e, sobretudo, responder às necessidades cada vez mais prementes dos seus clientes.
A modernização do setor dos Seguros depende de alguns pilares estratégicos. Considero que as seguradoras ainda têm muito a avançar no desenvolvimento de uma arquitetura de sistemas flexível e adaptável. Adicionalmente, também é essencial reforçar e melhorar a infraestrutura e o hardware para garantir desempenho, armazenamento e automação. É uma melhoria que permitirá uma gestão eficiente de grandes volumes de dados, essenciais para decisões rápidas, relatórios regulamentares e o uso de Inteligência Artificial.
É igualmente importante a modernização de aplicações, com a definição de uma estratégia de evolução contínua, e a tomada de decisão suportada na informação sobre quais as aplicações e tecnologias que são para manter, melhorar, converter, substituir ou descontinuar; além do reforço das medidas de cibersegurança, uma vez que as empresas precisam cada vez mais de gerir e monitorizar as suas vulnerabilidades.
A adoção da Inteligência Artificial como tecnologia para melhorar e acelerar o desempenho ao longo de toda a cadeia de valor, é também um pilar estratégico para a modernização tecnológica deste setor. Sem nunca esquecer, claro está, a criação de experiências diferenciadoras para clientes, potenciais clientes e colaboradores, incluindo o desenvolvimento de experiências imersivas e integrando o meio físico e digital, maximizando a satisfação dos clientes e a eficácia dos mediadores nas diferentes interações.
No caso de Portugal, quando comparado com outros países, a generalidade do setor está atrasada na sua modernização. Contamos com um mercado de menor dimensão, com uma penetração de seguro abaixo da média europeia e iniciativas que implicam disponibilidade de muitos recursos e grandes riscos na sua execução.
Sem dúvida que a transformação tecnológica terá de estar em permanente adaptação às prioridades estratégicas de negócio que, por seu turno, deverão estar orientadas para um contexto de constante mudança. É imperativo que as organizações tenham uma estrutura e metodologias que garantam a revisão e o ajustamento permanente de prioridades, assim como uma cultura organizacional em que as áreas de suporte e tecnológicas trabalhem em conjunto, para acelerarem a modernização tecnológica, e a consequente entrega de valor. Esta modernização é urgente, e deve estar alinhada com a estratégia de negócio, para garantir a sustentabilidade e a competitividade do setor dos Seguros no presente, e no futuro.
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