Charles Michel quer UE “dona do seu destino” face aos EUA apesar de crise política na Alemanha
A União Europeia deve "aprofundar os laços com os Estados Unidos", mas, apesar de ter "muito em comum" com Washington, deve "ser mais dona do seu destino”, defendeu o presidente do Conselho Europeu.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu esta quinta-feira uma União Europeia (UE) “dona do seu destino” com competitividade económica face aos Estados Unidos, que têm um novo Presidente, e desvalorizou a crise política interna na Alemanha.
Líderes europeus vão reunir-se esta quinta-feira na 5.ª cimeira da Comunidade Política Europeia e num jantar informal do Conselho Europeu, em Budapeste, para focar-se “nas crises” europeias, como a migratória, num contexto de mudanças políticas nos EUA, depois de o republicano Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente do país.
Falando aos jornalistas à chegada a estas reuniões de alto nível na capital húngara, Charles Michel defendeu que a UE deve “aprofundar os laços com os Estados Unidos”, mas, apesar de ter “muito em comum” com Washington, Bruxelas deve “ser mais dona do seu destino”.
“Queremos ser mais influentes, queremos reforçar a nossa base económica e queremos agir de forma a sermos parceiros respeitosos e respeitados. Este é o princípio básico e estou certo de que […] iremos convergir”, acrescentou.
Questionado sobre a atual crise política interna na Alemanha — após o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter demitido por quebra de confiança, na quarta-feira à noite, o ministro das Finanças, Christian Lindner, líder do FDP, o partido liberal que integra a coligação que forma o Governo –, Charles Michel comentou que a UE é composta por “27 Estados-membros e todos eles têm instituições democráticas”, nas quais “se confia”.
“A UE tem um plano claro, a chamada agenda estratégica. Sabemos o que queremos fazer para o futuro, para tornar a Europa mais forte, mais resistente, menos independente, mais influente, para benefício dos nossos cidadãos e, para isso, precisamos de aprofundar o nosso mercado único, num debate a ser feito amanhã [sexta-feira], incluindo a participação de Mario Draghi”, disse ainda, numa alusão à participação do antigo primeiro-ministro italiano no segundo dia do Conselho Europeu informal, após este ter feito um relatório sobre competitividade europeia face aos Estados Unidos e China.
“Queremos desenvolver as nossas capacidades de defesa e queremos envolver-nos mais com o resto do mundo, com os nossos aliados, os Estados Unidos”, adiantou Charles Michel.
Já sobre a Ucrânia, cujo Presidente Volodymyr Zelensky é esperado esta quinta-feira em Budapeste, Charles Michel vincou que, se o ocidente “for fraco com regimes autoritários como a Rússia, a ordem internacional torna-se vulnerável para o resto do mundo”.
Um total de 48 participantes — incluindo líderes de quatro instituições e de 44 países — junta-se em Budapeste para a quinta cimeira da Comunidade Política Europeia. Entre os líderes das instituições está, além de Charles Michel, as presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, bem como o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
Criada em 2022 após a invasão russa da Ucrânia, a Comunidade Política Europeia é uma plataforma de coordenação política para debates sobre o futuro da Europa.
Após esta cimeira da Comunidade Política Europeia, que decorre entre cerca das 11 horas e as 17 horas (hora local, menos uma hora em Lisboa) no estádio Puskás Arena, inicia-se o Conselho Europeu informal com um jantar dos chefes de Governo e de Estado da UE no edifício do parlamento húngaro. Em ambos os encontros de alto nível, Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
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