Michel confia que Costa no Conselho Europeu seja “guardião da unidade europeia”

  • Lusa
  • 8 Novembro 2024

Michel disse confiar que o antigo primeiro-ministro português seja "guardião da unidade" entre os Estados-membros, em dezembro, quando tomar posse como presidente do Conselho Europeu.

O presidente cessante do Conselho Europeu disse esta sexta-feira confiar que o antigo primeiro-ministro português António Costa, que lhe vai suceder em dezembro, seja “guardião da unidade” entre os Estados-membros, quando a União Europeia enfrenta desafios económicos e geopolíticos.

Confio que António Costa — com a sua experiência, conhece muito bem todos os colegas, todos os 27 países — desempenhará um papel muito importante para garantir que o Conselho Europeu continue a ser o guardião da unidade europeia“, disse Charles Michel.

Falando em conferência de imprensa em Budapeste, no final de uma reunião informal do Conselho Europeu na qual se debateu a autonomia estratégica para a UE ser mais competitiva, o responsável belga apontou que “a unidade nunca é um dado adquirido”.

Exige muito esforço, muita confiança, compreensão mútua e respeito mútuo, mas penso que o Conselho Europeu, que vê os mesmos desafios e compreende o que está em jogo, tem noção de que o mundo está diferente”, assinalou.

Charles Michel aludia à “pressão cada vez maior sobre o multilateralismo ou a ordem baseada em regras”, às “guerras e conflitos em todo o mundo, incluindo na vizinhança direta” e, ainda, ao “desafio da competitividade”.

António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da União Europeia (UE), mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio à frente da instituição, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27.

Por essa razão, antes de iniciar funções, realizou no verão e início do outono um roteiro pelas capitais europeias para se encontrar presencialmente com os chefes de Governo e de Estado da UE para conhecer melhor as suas perspetivas e prioridades para o próximo ciclo institucional no espaço comunitário.

A ’tour’ europeia de António Costa começou em julho em Roma com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que foi a única entre os 27 líderes europeus a votar contra a sua nomeação, razão pela qual o responsável português decidiu começar a visita aí.

Seguiram-se países como a Hungria, que detém neste semestre a presidência rotativa do Conselho da UE, e a Polónia, que lhe vai suceder no primeiro semestre de 2025, e os restantes, terminando nos nórdicos.

Para a próxima terça-feira, está previsto um encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Em junho passado, Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 01 dezembro de 2024, sendo o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.

Sucede no cargo ao belga Charles Michel, em funções desde 2019.

Antigo primeiro-ministro belga, o político liberal Charles Michel, de 48 anos, preside ao Conselho Europeu até 30 de novembro de 2024, num período marcado por crises como a saída do Reino Unido da União Europeia, a pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia e, mais recentemente, o reacender das tensões no Médio Oriente.

Esta foi a última cimeira europeia presidida por Charles Michel.

Reunidos na capital húngara pela presidência rotativa do Conselho da UE assumida pela Hungria, os chefes de Governo e de Estado da União — incluindo o primeiro-ministro, Luís Montenegro — aprovaram hoje a Declaração de Budapeste, na qual se defenderam “investimentos significativos, mobilizando financiamentos públicos e privados”, nomeadamente no setor de Defesa.

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