FC Porto financia-se em 115 milhões junto de investidores americanos
Portistas realizaram emissão de obrigações através de uma sociedade recém-criada, a Dragon Notes. Operação foi organizada pelo banco JPMorgan, que colocou dívida junto de grandes investidores.
O FC Porto acabou de obter um financiamento de 115 milhões de euros junto de grandes investidores americanos no âmbito do processo de reestruturação financeira que está a ser levado a cabo pelo novo presidente dos portistas, André Villas-Boas. A operação financeira envolveu a recém-criada sociedade Dragon Notes, que foi constituída em setembro para gerir a participação na StadCo, também criada há pouco tempo para gerir os direitos comerciais do Estádio do Dragão após o processo de cisão da Porto Comercial, como o ECO avançou em julho.
De acordo com a informação enviada ao mercado, o FC Porto pagará uma taxa de juro anual de 5,62% por estas obrigações com o prazo de 25 anos. A operação foi organizada pelo banco norte-americano JPMorgan Chase.
Segundo a SAD dos dragões, esta emissão “destina-se a refinanciar o passivo existente e a financiar a atividade global do FC Porto e representa um passo decisivo na concretização da estratégia de financiamento do FC Porto, permitindo a extensão da maturidade média da dívida; e a redução do custo médio da dívida, em linha com objetivos oportunamente comunicados”.
Dividendos do estádio garantem obrigações
A SAD portista congratula-se com a elevada procura registada nesta emissão, cerca de 170 milhões de euros, “bem como com a elevada qualidade dos investidores institucionais que participaram na operação, como resultado da qualidade de crédito da Dragon Notes, evidenciada pela notação de investment grade atribuída pela agência de rating DBRS (rating de crédito de longo prazo de BBB Low) em resultado de um modelo de negócio resiliente e com perspetivas de crescimento por parte da Porto Stadco.
Os dragões adiantam que “não foram atribuídas aos obrigacionistas garantias reais, nomeadamente a hipoteca sobre o Estádio do Dragão ou passes de jogadores”. Ainda assim, as obrigações serão garantidas em primeira linha pelos dividendos a pagar pela Porto StadCo à Dragon Notes, “sendo que o eventual excesso, após serviço da dívida, será distribuído para o FC Porto após cumprimento de determinadas condições”.
A SAD do FC Porto atravessa uma crise financeira sem precedentes e avançou para um processo de reestruturação da sua dívida que ascende a 500 milhões de euros, que se encontra a ser renegociada com os credores para baixar os custos financeiros.
As últimas contas mostram uma situação de falência técnica, com os capitais próprios negativos de 113,7 milhões de euros no final do exercício da temporada transata, apesar de ter registado uma melhoria da sua situação líquida por conta da valorização do estádio.
Ithaka nomeia cofundadores para a Porto StadCo
No âmbito da reestruturação, a SAD portista vendeu 30% dos direitos comerciais relacionados com o estádio aos espanhóis da Ithaka, através da Porto StadCo, e num negócio do qual já recebeu 50 milhões de euros, que ajudou a aliviar a pressão sobre a tesouraria. Mas está ainda previsto que receba mais 15 milhões fixos e outros 35 milhões em caso de cumprimento de determinadas métricas de negócio.
A Porto StadCo ficará com a gestão dos direitos de naming relacionados com a infraestrutura do Estádio do Dragão, museu do clube, concertos e espetáculos entre outros negócios relacionados com o recinto desportivo. No final do mês passado, os espanhóis Esther Perez e Alejandro Barragan para a Porto StadCo, ambos co-fundadores da Ithaka, sediada em Madrid.
Do lado portista, a participação de 70% na StadCo é controlada através da sociedade Dragon Notes, que já se encontra registada na lista de emitentes da Euronext e através da qual o FC Porto já contava emitir dívida junto de investidores institucionais, segundo revelou aquando do negócio com a Ithaka.
André Villas-Boas, que tomou posse em maio após a presidência de Pinto da Costa durante mais de 40 anos e que chegou a fazer um empréstimo de 500 mil euros à SAD a título pessoal face à situação de emergência dos portistas, tem como grande prioridade a reestruturação financeira do FC Porto.
A SAD fechou a temporada de 2023-2024 com prejuízos de 21 milhões de euros e um passivo de 520 milhões de euros. A equipa principal de futebol está no segundo lugar da Liga Portugal, com 27 pontos, menos cinco que os campeões em título Sporting e mais dois que o Benfica (embora os encarnados tenham menos um jogo).
(Notícia atualizada às 16h52)
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