Rede externa da Aicep vai ganhar duas novas delegações em 2025

Reforçar na Ásia é um dos objetivos do alargamento da rede externa da Aicep no próximo ano, revela o presidente da agência. Ricardo Arroja já entregou proposta de revisão do modelo de financiamento.

Gostaria, em 2025, de abrir dois novos escritórios em dois países que, neste momento exibam potencial de crescimento e taxas já robustas de crescimento e nas quais já não estejamos presentes”, confessa o presidente da Aicep, em entrevista ao ECO. “E, em 2026, manter o mesmo ritmo, eventualmente até aumentando ligeiramente“, prossegue Ricardo Arroja, sem no entanto levantar a ponta do véu sobre a localização específica.

“Há uma perspetiva de reforçar na Ásia e, provavelmente também na confluência da Ásia e da África, mas não queria adiantar o destino em particular”, afirma quando instado a elencar os mercados em causa.

Ricardo Arroja revela a lógica em que está a trabalhar é de reforço de meios, não de racionalização como a administração anterior, e por isso procurará reforçar a intervenção da Aicep nos mercados, onde tem um modelo de delegado isolado. “Há vários países onde a Aicep tem apenas uma pessoa colocada. É um modelo que, na minha opinião, tem mais inconvenientes do que vantagens”. E, neste contexto de reforço da rede externa, entendemos que é fundamental dotar essas mesmas delegações onde temos apenas uma só pessoa, com mais recursos, mais capacidade de acompanhar as empresas. Isso é que é o fundamental.

Quando assumiu funções como presidente da Aicep foram-lhe incumbidas duas funções: definir um novo modelo de financiamento para a agência e fazer uma revisão dos estatutos. A proposta revisão do modelo de financiamento “já foi submetida à tutela e, na minha opinião, está em condições de ser politicamente apreciada”, disse Ricardo Arroja. No âmbito de novos estatutos sugere que seja criado um “conselho consultivo que reúna as forças vivas da sociedade”.

Quando assumiu funções na Aicep, foram-lhe incumbidas duas funções: definir um novo modelo de financiamento para a agência e fazer uma revisão dos estatutos. Em cada um destes capítulos como é que as coisas vão?

Bem… No que diz respeito à revisão do modelo de financiamento, já tivemos várias discussões com a tutela e temos uma proposta de modelo de financiamento já comunicada. O objetivo agora passa pela sua implementação integral que, neste momento, até porque só entramos em funções no preciso momento em que se começou a discutir o Orçamento de Estado para 2025, só será possível a partir de 2026. Aquilo que lhe posso dizer é que o objetivo do modelo de financiamento é assegurar um financiamento que seja estável, que seja previsível e que permita a AICEP levar a cabo a missão que o Governo lhe incumbiu, no qual existe uma preocupação grande com a expansão da rede externa, com o reforço da capacidade da Aicep, nos mercados em está presente, fazer o devido acompanhamento das empresas que acompanhamos a partir de Portugal em processos de internacionalização.

Onde vão buscar receitas alternativas àquelas que foram utilizadas até hoje como fonte de financiamento da Aicep?

Temos, para efeito do Orçamento de 2025, um reforço do orçamento corrente de sensivelmente 18 milhões de euros. É um reforço bastante significativo. Temos também ao nível das despesas de investimento, os contratos e incentivos que podemos aportar às empresas com quem trabalhamos de 350 milhões. São valores muito consideráveis. Relativamente à implementação do modelo de financiamento e à divulgação dos detalhes seria pouco curial da minha parte fazê-lo neste momento. Aquilo que posso garantir é que a proposta já foi submetida à tutela e, na minha opinião, está em condições de ser politicamente apreciada.

E relativamente aos estatutos, o que é que o ministro da Economia quer alterar nos estatutos da Aicep?

Desde logo uma certa indefinição de tutela. A Aicep, nos últimos anos, tem estado sobre várias tutelas. Neste momento está sob a tutela do Ministério da Economia, o que, a meu ver, faz sentido, sem desprimor, naturalmente, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde a Aicep também esteve no passado. O MNE é um parceiro fundamental da Aicep, trabalhamos muito proximamente com os respetivos diplomatas que estão espalhados por esse mundo fora. No breve período de mandato, tenho tido contactos extraordinários com os nossos diplomatas. São pessoas com muita sensibilidade económica, inexcedíveis no apoio aos nossos delegados locais. Os próprios delegados assumem também funções de conselheiros comerciais e económicos. Há aí uma relação que é muito próxima e muito bem articulada. Esse é um primeiro desafio. As questões do financiamento também decorrem do tipo de atividades que a AICEP acaba por abraçar no cumprimento do seu mandato. Hoje tem funções que vão desde a promoção da internacionalização, nos quais se inclui a promoção de missões e ações externas, mas também a promoção e a organização de eventos, como, por exemplo, a exposição Universal de Osaka em 2025, que está sob a nossa alçada.

A proposta [de revisão do modelo de financiamento] já foi submetida à tutela e, na minha opinião, está em condições de ser politicamente apreciada.

Está a correr bem?

Está a correr bem. Felizmente, todo o cronograma de trabalhos na parte logística e na parte de programação cultural está ser conseguida.

Não há derrapagens?

No último balanço que tive oportunidade de fazer dos 180 dias disponíveis para programação cultural, já tínhamos assegurados 168, o que a cinco ou seis meses de início da exposição nos encoraja bastante.

Regressando aos estatutos…

Acho que devemos ter um conselho consultivo que reúna as forças vivas da sociedade, não só no plano empresarial e associativo, mas também no plano da inovação e outras entidades com quem nos vamos relacionando no dia-a-dia. Tenho tido a preocupação, nestes poucos meses que levo de mandato, de me aproximar de muitas destas organizações. Desde logo a ANI, um parceiro fundamental, como entidade que faz a congregação dos Tecnological Transfer Offices, que são fundamentais para termos uma espécie de lista de tecnologias críticas hoje a serem desenvolvidas em Portugal. Tecnologias críticas essas que vão transformar o mundo nos próximos dez anos e das quais vão resultar as empresas do amanhã, para que na Aicep consigamos ter sempre capacidade de antecipar as empresas que vão florescer. É fundamental partirmos dos nossos pontos fortes já hoje, mas é fundamental que a Aicep consiga também ter visibilidade sobre quais serão as empresas com a ambição de se internacionalizar nos próximos cinco a dez anos, ou que vão gerar o apetite dos investidores diretos estrangeiros. Devemos também valorizar o contributo dos bens e dos serviços de alto valor acrescentado para as exportações. É aumentando esse rácio que vamos conseguir que Portugal se posicione no mundo numa perspetiva mais inovadora e mais afirmativa, porque, às vezes somos pouco afirmativos enquanto povo. Tenho acompanhado várias ações ao estrangeiro e não ficamos a dever a ninguém, em termos de capacidade de execução, nas várias áreas do tradicional ao moderno.

Quais são os seus planos de ampliação da rede externa da Aicep?

Gostaria, em 2025, de abrir dois novos escritórios em dois países que, neste momento exibam potencial de crescimento e taxas já robustas de crescimento e nas quais já não estejamos presentes. E, em 2026, manter a mesma senda, o mesmo ritmo, eventualmente até aumentando ligeiramente. O objetivo é termos um incremento no número de mercados que conseguimos trabalhar. Procuraremos também reforçar a nossa intervenção nos mercados, onde temos um modelo de delegado isolado. Há vários países onde a Aicep tem apenas uma pessoa colocada. É um modelo que, na minha opinião, tem mais inconvenientes do que vantagens. E, neste contexto de reforço da rede externa, entendemos que é fundamental dotar essas mesmas delegações onde temos apenas uma só pessoa, com mais recursos, mais capacidade de acompanhar as empresas. Isso é que é o fundamental.

Em 2025, quais são os países?

Há uma perspetiva de reforçar na Ásia, um continente onde há grande crescimento e provavelmente também ali, na confluência da Ásia e da África, mas não queria adiantar o destino em particular.

No fundo, está a rever o plano de aberturas que estava previsto na anterior administração?

Recebemos um plano que estava gizado numa determinada lógica. Lógica essa que não é a que, neste momento, preside à internacionalização da Aicep. Seria injusto fazer essa apreciação, porque o plano que foi recebido era num cenário de racionalização de recursos, que não é manifestamente o cenário sobre o qual, neste momento, estou a trabalhar.

Neste contexto de reforço da rede externa, entendemos que é fundamental dotar essas mesmas delegações onde temos apenas uma só pessoa, com mais recursos,

O PSD introduziu uma proposta de alteração ao Orçamento de Estado para 2025, na qual sugere a abertura de delegações da AICEP em territórios de baixa densidade. Qual é o racional da proposta e há recursos para isso?

Temos espalhadas pelo país as chamadas lojas de exportação, que resultam de uma parceria entre a Aicep e o IAPMEI. Por essa via já temos alguma dispersão territorial em algumas zonas de baixa densidade. Aquilo que lhe posso garantir é que, neste momento, a minha preocupação é levar a Aicep aos diferentes cantos de Portugal. De resto, lancei recentemente uma iniciativa chamada AICEP na Estrada, que tem como propósito ir às capitais de distrito no interior do país. Parece-me fundamental, identificar empresas de alto crescimento que também existem no interior do país. Portugal não pode ser apenas a sua costa urbana (litoral). Temos no interior do país centros de incubação de empresas, empresas com modelos de negócio que têm uma implantação local naturalmente, mas que têm potencial de exportação.

Saindo da temática da baixa densidade, temos em Portugal um desafio de descoberta de propriedade intelectual. Há muitas vezes empresas que têm processos e produtos inovadores, mas que, por alguma modéstia, não os consideram como tal. Há entidades em Portugal a fazer ações de diagnóstico desses processos de inovação, a fim de fazer florescer o know how e produtos diferenciados que possam ser exportados. Também há um trabalho de reconhecimento das áreas de implantação para utilização industrial, que também deve ser projetado pela Aicep. Temos um instrumento fundamental que é a nossa participada, a Aicep Global Parques, uma entidade que gere o parque industrial da zona de Sines e outros. Vemos a possibilidade de expansão da sua própria atividade noutras áreas, frequentemente do interior, onde as entidades municipais não tenham a vocação para o fazer e em que possam emparceirar com esta entidade que pode dotar essas regiões de outra centralidade internacional que hoje não têm.

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