Sete participantes do projeto Reborn, numa iniciativa da Salsa Jeans e do programa Incorpora, da Fundação “la Caixa”, já estão empregadas, depois das sessões de capacitação pessoal.
“Os colaboradores da Salsa ensinaram-nos como gerir o dinheiro, a poupar ou a planear despesas, o que nos pode ajudar a resistir a situações adversas na vida. Prepararam-nos para entrevistas de emprego e a fazer o curriculum [vitae]”, começa por contar a brasileira Andresa Santos, 29 anos, há dois anos a viver em Portugal “numa situação socioeconómica mais vulnerável”, de desemprego, depois de ter deixado para trás, do outro lado Atlântico, uma vida como empresária.
Andresa Santos foi uma das 15 mulheres que viram no projeto Reborn — parceria entre a Salsa Jeans e o programa Incorpora (da Fundação “la Caixa” em colaboração com o BPI e o Instituto do Emprego e Formação Profissional) — uma oportunidade para se empoderar e reintegrar no mercado laboral. “Estava desempregada e fui encaminhada pela Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde para este projeto. Aprendi imenso”, afirma, entusiasmada por ter desenvolvido mais competências sociais: literacia financeira, procura de emprego, culinária, comunicação, técnicas de concentração, o que vestir ou até como conjugar as peças de vestuário.
Andresa admite que até gostaria de trabalhar na empresa detida a 100% pela Sonae. “Seria uma honra trabalhar na Salsa, mas fiquei a ganhar muito mais com as sessões [de capacitação] do que se a marca me tivesse oferecido um emprego”.
Ao lado, o CEO da Salsa Jeans, Hugo Martins, clarifica que o propósito final deste projeto não é empregar as participantes, mas sim, empoderá-las e capacitá-las com ferramentas para depois se integrarem no mercado laboral. “Pretendemos ajudá-las a evitarem entrar numa situação de exclusão social, voltando a ser pessoas completas e válidas para a sociedade e para o mercado.”
Ainda assim, admite Hugo Martins, “existe a possibilidade [de integrar na Salsa] e se acontecer, nós teremos todo o gosto. Mas, fazer um programa que fosse fechado a esse objetivo seria altamente limitativo para a maioria das participantes”.
Seria uma honra trabalhar na Salsa, mas fiquei a ganhar muito mais com as sessões [de capacitação] do que se a marca me tivesse oferecido um emprego.
Também Bruno Coutinho, responsável pelo Programa Incorpora da Fundação “la Caixa” em Portugal, explana que “o Projeto Reborn não é um programa de empregabilidade direta, mas uma ferramenta de empoderamento feminino, que capacita as participantes, em situação de vulnerabilidade e risco social, com as competências e o suporte necessários para, no seu tempo, explorarem e aproveitarem as oportunidades profissionais que surgirem”.
É precisamente esse o compromisso assumido pela Salsa Jeans e pela Fundação “la Caixa”, através do programa Incorpora, que já tem provas dadas. Os números falam por si: já estão empregadas quatro participantes da primeira edição (2023) e outras três da segunda iniciativa que aconteceu este ano, contabiliza Bruno Coutinho em declarações ao ECO/Local Online.
Além disso, acrescenta, por sua vez, o CEO da marca de vestuário, “este projeto está muito alinhado com o propósito da Salsa enquanto empresa” com responsabilidade social. “É uma enorme satisfação ver as minhas pessoas dedicarem tempo e esforço a um projeto destes. Damos os meios que temos sem qualquer interesse de retribuição direta”, nota Hugo Martins.
Seguindo esta linha orientadora, pelo segundo ano consecutivo, colaboradores da Salsa voluntariaram-se para capacitar as participantes, em situação de desemprego, nas mais diversas áreas, desde literacia financeira — com conselhos de poupança e de controlo de despesas — até dicas de autocuidado e nutrição ou de como procurar emprego.
“Nós sendo uma empresa ligada à moda, queríamos trabalhar muito o empoderamento da mulher, não só na parte da imagem pessoal, mas também ao nível de uma série de competências que achamos importantes”, refere Mónica Ovaia, Retail Business Partner & Global Training Coordinator.
Grande parte das sessões aconteceu numa loja da marca do grupo Sonae, na Rua de Santa Catarina, no Porto. “A Salsa, com os seus voluntários internos, montou um programa com sessões quinzenais que tocasse em vários pontos que achámos que poderiam complementar, de forma holística, este empoderamento da mulher que está em situação de risco de exclusão social”, detalha Mónica Ovaia.
Pretendemos ajudá-las a evitarem entrar numa situação de exclusão social, voltando a ser pessoas completas e válidas para a sociedade e para o mercado.
Estes conhecimentos ajudaram Laura Alves, outra das participantes, com 31 anos e 12.º ano de escolaridade, a estar muito mais preparada para novos desafios. “Aprendi gestão financeira, como estruturar um currículo, a saber como falar e estar numa entrevista de emprego, a costurar e até ser mais confiante”, conta.
Para Deolinda Soares, diretora de recursos humanos da Salsa Jeans, “sem independência financeira também não há autonomia, empoderamento e autoconfiança”. Considera, por isso, fulcral aconselhar sobre “o planeamento financeiro, e alertar ainda para o crédito e juros associados”. Apesar de serem “noções muito simples e que, [à partida], até podem parecer básicas, estão presentes no quotidiano de qualquer pessoa”.
Foi na sede da Salsa Jeans, em Ribeirão (Vila Nova de Famalicão), que as participantes deram asas à imaginação no mundo da costura. “Foi um bicho de sete cabeças; não acertava na agulha por causa da minha motricidade fina. Mas, depois lá aprendi uns truques e consegui”, recorda Laura Alves, satisfeita por estar a dar um novo rumo à vida.
Marina Pinheiro, coordenadora do Incorpora Norte de Portugal, acompanhou desde o início este projeto com a Salsa. “O programa Reborn não é pura formação. As participantes acabam por não ter um suporte social e encontram neste projeto, pela via do treino de competências, tudo aquilo que de certa forma permite o empoderamento feminino”.
O Projeto Reborn não é um programa de empregabilidade direta, mas uma ferramenta de empoderamento feminino, que capacita as participantes, em situação de vulnerabilidade e risco social, com as competências e o suporte necessário.
As promotoras da iniciativa estão já a estudar a realização de uma terceira edição do projeto Reborn, em 2025. Mas Bruno Coutinho gostaria de dar mais escala à iniciativa, replicando no resto do país em parceria com mais empresas.
Desde 2018, o programa Incorpora já ajudou na contratação de quase 8.000 pessoas nas mais diversas áreas, contabiliza o responsável. Com uma rede de 52 entidades e 110 técnicos em Portugal, este programa faz a ponte “entre pessoas desempregadas, em situação de vulnerabilidade, e as empresas que tenham responsabilidade social corporativa e necessidades do ponto de vista de contratação de recursos humanos”, remata Bruno Coutinho.
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Salsa e Fundação “la Caixa” capacitam mulheres para mercado de trabalho
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