“A menos que haja um milagre”, extrema-direita vai juntar-se à esquerda para derrubar Governo francês
Governo liderado por Michel Barnier pode tornar-se o mais curto da V República Francesa caso seja aprovada uma moção de censura, a ser votada na quarta ou quinta-feira na Assembleia Nacional.
O partido de extrema-direita francês União Nacional (RN, na sigla em francês) anunciou esta segunda-feira que vai votar a favor da moção de censura ao Governo do primeiro-ministro, Michel Barnier, a menos que ocorra “um milagre”.
A União Nacional vai aprovar, esta semana, a moção de censura “a menos, claro, que haja um milagre de última hora”, anunciou o presidente do partido, Jordan Bardella, após o impasse nas discussões com o Executivo sobre o Orçamento.
Se a esquerda e a União Nacional, o maior grupo da Assembleia, unirem os votos, o Governo francês cairá, na primeira vez desde a queda do Governo de Georges Pompidou em 1962. O Governo de Barnier tornar-se-ia então o mais curto da história da Quinta República.
“Sim, está decidido (…) sou obrigado a anunciar hoje a moção de censura do Governo”, declarou Bardella à rádio francesa RTL.
A União Nacional votará uma moção de censura, com a esquerda, para derrubar o Governo, “a menos, é claro, que, por um milagre de última hora, Michel Barnier reveja a cópia até às 15:00 [hora local]. Mas tenho poucas esperanças”, disse Bardella.
A Assembleia Nacional vai votar a leitura final do Orçamento da Segurança Social, resultado de um compromisso entre uma comissão de senadores e deputados. Na ausência de uma maioria, o Governo deverá anunciar o recurso ao artigo 49.3 da Constituição, numa tentativa de aprovar o texto sem votação. Tal abriria caminho para uma moção de censura, que poderá ser votada na quarta ou na quinta-feira.
Depois de ter conseguido que o Governo abandonasse o aumento dos impostos sobre a eletricidade e reduzisse a ajuda médica do Estado aos emigrantes sem documentos, o partido de Bardella exigiu novas concessões, nomeadamente no que se refere à reavaliação das pensões de reforma e à inversão da redução do reembolso de certos medicamentos.
Mas “o ministro do Orçamento, Laurent Saint-Martin, disse no domingo que o Governo já não tencionava ceder”, observou Bardella.
Em declarações à Bloomberg TV, o ministro das Finanças francês, Antoine Armand, afirmou esta segunda-feira que a França não aceitará prazos orçamentais artificiais por parte do partido de Marine Le Pen. “O Governo francês não aceita ultimatos (…). Nós estamos comprometidos em reduzir o défice”, disse o governante.
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