Stellantis anuncia “comité executivo interino” até arranjar substituto de Carlos Tavares

Conselho de administração da Stellantis cria comité executivo interino para gerir a empresa até ser nomeado o sucessor de Carlos Tavares, que deixou a liderança da fabricante automóvel no domingo.

Depois do anúncio, no domingo, da saída de Carlos Tavares do cargo de CEO da Stellantis, a empresa revelou esta terça-feira que o processo de nomeação do sucessor do gestor português estará concluído na primeira metade de 2025. Até à nomeação do novo CEO, a fabricante automóvel vai ser dirigida por um comité executivo interino liderado por John Elkann.

Em comunicado, a Stellantis detalhou que o processo de nomeação do substituto de Carlos Tavares “está em curso” e a ser “gerido por um comité especial do conselho de administração”. Por enquanto, é implementado “com efeitos imediatos” um comité executivo interino que “será responsável pela direção e supervisão da companhia em nome do conselho de administração”, acrescenta a empresa.

Esta equipa de transição, além do chairman John Elkann, será composta por seis vice-presidentes executivos e um conselheiro especial que vai atuar como “elemento de ligação junto da equipa de liderança”, que será Richard Palmer, antigo administrador financeiro da empresa.

Fazem ainda parte do comité executivo interino outros nove executivos com responsabilidades nas áreas de Recursos Humanos e Património; Engenharia e Tecnologia, Software e Free2move; Fabrico e Cadeia de Abastecimento; Planeamento; Finanças; Afiliadas; e as marcas e operações da Stellantis nas diferentes regiões do mundo.

O grupo Stellantis anunciou, no domingo, que o conselho de administração, sob a presidência de John Elkann, “aceitou a demissão de Carlos Tavares do cargo de CEO com efeitos imediatos”, embora tenha anunciado, em meados de outubro, que o gestor português iria sair do grupo e reformar-se em 2026.

Mas, no comunicado divulgado no domingo, a administração da Stellantis refere que a saída de Carlos Tavares foi antecipada devido a “visões diferentes” que emergiram nas últimas semanas entre o então CEO, os acionistas e os administradores.

Entre os problemas mais destacados estão os resultados dececionantes alcançados este ano, marcados por uma forte queda das vendas e dos lucros. Só nos primeiros seis meses de 2024, a fabricante de automóveis, que tem uma unidade em Mangualde, registou uma queda de 48% dos lucros e uma contração de 15% das receitas líquidas face à primeira metade do ano passado.

A estratégia de Carlos Tavares, frequentemente descrita como focada no curto prazo, além de um estilo de gestão “implacável”, que alienou concessionários, fornecedores e políticos, exacerbou a situação no terceiro trimestre, provocando uma queda anual de 27% da faturação e uma desvalorização de 45% das ações da Stellantis.

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