Ministro da Agricultura diz que “há decréscimo no consumo e um ataque ao vinho”

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

"O vinho não é inimigo do ambiente, bem pelo contrário, é amigo da economia, da competitividade, da coesão territorial, das nossas diferenças e daquilo que é o nosso território", disse o ministro.

O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, disse esta terça-feira, no Porto, que “há um decréscimo no consumo global e um ataque ao vinho que não faz sentido”.

“É preciso que o vinho seja consumido com moderação, como eu tenho insistido, mas também tenho dito, por exemplo, que o vinho faz parte da nossa dieta mediterrânica, assim como o azeite, e portanto, é algo que é essencial também para a nossa economia”, sublinhou.

O ministro da Agricultura presidiu à abertura do Simpósio Internacional de Viticultura e Clima, organizado pela Embaixada dos EUA em Portugal, juntamente com a rede de Centros de Clima do Departamento de Agricultura dos EUA, a decorrer na Universidade Católica, no Porto.

“O vinho não é inimigo do ambiente, bem pelo contrário, é amigo da economia, da competitividade, da coesão territorial, das nossas diferenças e daquilo que é o nosso território”, afirmou José Manuel Fernandes. Na sua intervenção, José Manuel Fernandes salientou que “o combate às alterações climáticas não tem fronteiras” e que, portanto, todos têm de cooperar.

“É importantíssimo que as democracias reforcem os acordos de cooperação. Para combatermos os efeitos das alterações climáticas, há que reforçar a investigação e a inovação”, acrescentou.

“Cada um tem de fazer a sua parte. A União Europeia está a fazê-la, temos o Pacto Ecológico Europeu (Green Deal), que é uma lei vinculativa em que estamos todos empenhados. Aliás, 30% do montante do quadro financeiro plurianual é para manter o combate às alterações climáticas, mas é evidente que é necessário o esforço de todos, só os nossos esforços, ainda que importantes, não têm o efeito que nós pretendemos”, sublinhou o ministro da Agricultura.

Apelou para que “as democracias, pelo menos elas, se unam na defesa de valores e princípios como a solidariedade”, defendendo que “combater as alterações climáticas é uma questão de solidariedade, já para com as gerações atuais, mas sobretudo para com as gerações futuras”.

“Claro que o caminho tem de se fazer sem fundamentalismos, caso contrário, nunca atingimos os objetivos”, frisou. O ministro referiu ainda que em janeiro de 2025 será apresentado o cronograma de investimentos no âmbito do “Água que Une”, a nova estratégia nacional para a gestão da água.

“Serão milhares de milhões de euros que têm como objetivo armazenar a água para distribuí-la para a agricultura, para consumo humano, mas também para darmos aos rios o caudal ecológico que eles necessitam. Este ‘Água que Une’ tem o objetivo de ajudar também a combater as alterações climáticas, mantendo a produção que temos e até podendo reforçá-la”, disse à Lusa José Manuel Fernandes.

O simpósio reúne mais de 70 investigadores, produtores, representantes do Governo e associações de Portugal, França, Espanha e Estados Unidos para debater os desafios climáticos comuns enfrentados pela indústria da viticultura, particularmente em climas mediterrânicos.

Os especialistas presentes identificarão lacunas no conhecimento na qual a colaboração internacional e a partilha de informação possam produzir melhores e mais rápidos resultados para os produtores.

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