“Sem cumprir desígnio”, Banco de Fomento falha preços atrativos para as empresas
Empresários e concorrência bancária criticam as condições de financiamento oferecidas pelo Banco de Fomento às empresas. Administrador do Novobanco pede que se deixe de "demonizar" os lucros no setor.
Criado para atuar em áreas em que há falhas de mercado por parte da banca comercial, o Banco Português de Fomento (BPF) “até à data não conseguiu cumprir esse desígnio”. “Gostaríamos de encontrar um parceiro no apoio ao investimento precisamente em áreas em que a banca comercial precisa de outras condições. Devia lançar produtos de forma mais consistente e é evidente que as condições de preço do BPF não são atrativas para as empresas. Tem de ter uma melhoria evidente nos processos”, diagnosticou Luís Ribeiro, administrador executivo do Novobanco, na 7º Edição da conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO.
Enquanto se aguarda a aceitação do fit and proper da nova administração do BPF por parte do Banco de Portugal, o administrador do Novobanco sublinhou, no entanto, que “qualquer linha de garantia mútua ou de apoio no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não deve servir para apoiar investimentos que não são rentáveis e que não criam valor”. “O BPF deve ter o seu papel. Felizmente, temos uma excelente banca comercial”, salientou Luís Ribeiro.
Durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto, José Teixeira, CEO da gigante têxtil Riopele, sediada em Vila Nova de Famalicão e que lidera o Projeto Lusitano no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, atestou que “qualquer banco oferece melhor condições do que o Banco de Fomento, quando [estão em causa] empresas com rácios saudáveis”.
“Aquilo que as empresas têm de pagar ao Banco de Fomento é mais duas ou três vezes de diferença [face à banca comercial]. Isto com uma maturidade a oito anos é inviabilizar qualquer contrato que se queira fazer, a não ser que a empresa não tenha outra alternativa”, realça o gestor. Ora, quem acaba por recorrer a estas linhas de financiamento são “startups que não têm acesso a outras fontes de financiamento” ou, em alternativa, “empresas que estão mal”.
Tendemos a demonizar os lucros dos bancos, mas sem bancos rentáveis não há investidores disponíveis para dar crédito. Haja bons projetos, que há boa capacidade para os financiar.
Por outro lado, numa fase em que o Novobanco “anda em roadshow permanente, em contacto com investidores internacionais”, Luís Ribeiro assegurou que “Portugal é hoje olhado de forma positiva” e que “esse é um aspeto que influencia o custo do financiamento às empresas portuguesas”. “Os mercados externos têm uma visão muito mais positiva da economia portuguesa do que aquela que temos nós próprios”, acrescentou o administrador do banco.
Lembrando que “sem bancos fortes também não vamos ter capacidade de dar crédito e apoiar os investimentos” no país, Luís Ribeiro salientou que a banca portuguesa “compara muito bem” com as concorrentes de outros países no que toca aos indicadores de solvabilidade, em termos de eficiência entre custos e receitas e em termos de rentabilidade. “Tendemos a demonizar os lucros dos bancos, mas sem bancos rentáveis não há investidores disponíveis para dar crédito. Haja bons projetos, que há boa capacidade para os financiar”, atestou o administrador do Novobanco.
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