Lusorecursos admite alargar a refinaria de lítio e está de olho em novos concursos
Numa altura em que o Governo está à procura de "substitutos" para o projeto de refinação de lítio cancelado pela Galp, a Lusorecursos diz-se disponível para alargar o seu projeto.
O CEO da Lusorecursos, Ricardo Pinheiro, predispõe-se para “ocupar” o lugar que foi deixado vago pela Galp, quando desistiu da construção de uma refinaria de lítio em Setúbal. A empresa que detém a concessão da mina de lítio em Montalegre, e que tem projetada uma refinaria de lítio nessa região, afirma que pode alargar a respetiva capacidade de produção e até acelerar o projeto. Ao mesmo tempo, indica que estará atenta aos futuros concursos previstos para a prospeção de lítio, cobre e ouro.
“Estamos disponíveis para aumentar a capacidade de produção da refinaria, para receber concentrado de outros projetos em curso, permitindo o pleno aproveitamento da totalidade dos recursos nacionais”, indica o CEO da Lusorecursos, Ricardo Pinheiro, em declarações ao ECO/Capital Verde. Esta empresa já contava que todo o lítio extraído da mina em Montalegre serviria para alimentar a sua própria refinaria.
A antecipação da construção da refinaria, que atualmente está prevista para 2027, com o primeiro produto refinado a ser entregue aos clientes em 2028, também é uma hipótese avançada pelo gestor, para “permitir que Portugal aproveite os fundos em tempo útil, no desenvolvimento da indústria a que estes se destinaram originalmente”, referindo-se aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que estavam prometidos ao recém-cancelado projeto Aurora, da Galp e Northvolt, no âmbito a agenda mobilizadora para criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal, e que ascendiam a 11 milhões de euros, mas dos quais este consórcio abdicou por não ser compatível com as datas de execução do plano.
Para já a data-limite para a execução das agendas mobilizadoras é dezembro de 2025, mas são muitos os que defendem que Bruxelas deveria estender o prazo até agosto de 2026, a fasquia estabelecida para todos os projetos. Até essa data todos os marcos e metas definidos junto da Comissão Europeia têm de estar cumpridos para assegurar o desembolso do décimo e último cheque da bazuca. O CEO defende que, caso a empresa invista de forma a acelerar o desenvolvimento de projetos de execução e o cumprimento de medidas e prazos ambientais, em conjugação com um “compromisso das entidades públicas” para acelerar o licenciamento final, a construção pode ser adiantada a tempo de o projeto usufruir destes fundos.
As declarações do CEO e administrador da Lusorecursos são proferidas depois de o ministro da Economia, Pedro Reis, ter informado que o Governo está a “mapear e radiografar” projetos alternativos ao da refinaria de lítio da Galp, após a desistência desta empresa.
O ministro avançou estes esclarecimentos na sessão de apresentação do Plano de Ação para as matérias-primas críticas, que o Governo divulgou esta terça-feira. O plano prevê a a “adoção de instrumentos e programas de apoio ao financiamento de projetos estratégicos” nesta área, que deverão surgir de uma articulação entre a Aicep – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, o Banco Português do Fomento e IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação.
Lusorecursos de olho no concurso de prospeção
Outra das medidas contidas no plano é o “lançamento de concursos de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de recursos minerais”. O lançamento destes concursos está previsto para o próximo ano, e vai incidir não só no lítio mas também no cobre, que é igualmente considerado uma matéria-prima crítica pela União Europeia, e o ouro.
Temos interesse em participar no concurso, mas depende da avaliação que iremos fazer das condições das peças do concurso.
Questionado sobre a hipótese de a Lusorecursos se candidatar, Ricardo Pinheiro afirma que irá analisar. “Temos interesse em participar no concurso, mas depende da avaliação que iremos fazer das condições das peças do concurso”, indica.
Sobre o plano apresentado pelo Governo, o gestor da Lusorecursos considera-o “bastante positivo, bastante completo, equilibrado e ambicioso”, mas ressalva: “Agora é importante que seja implementado o mais brevemente possível”.
Contactadas acerca da avaliação que fazem deste plano, se estarão interessadas nos novos concursos e de que forma o plano pode influenciar futuras decisões de investimento, a Savannah, que detém a exploração do lítio em Boticas, e a Lifthium Energy, que tem pendente a decisão de avançar com uma refinaria, escusaram-se a fazer qualquer comentário.
Antes da apresentação do plano, e em reação à desistência da Galp, a Savannah já tinha avançado que está a discutir a possibilidade, com o parceiro AMG e outros, de se construírem mais refinarias na Península Ibérica. A Lifthium Energy, empresa da José de Mello e Bondalti, afirmou-se “empenhada” em avançar com o seu projeto de refinaria, mas indicou que não tem, para já, qualquer decisão final quanto a este investimento.
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