BCE corta novamente taxas de juro em 25 pontos base. Taxa de depósitos baixa para 3%
Apesar da taxa de inflação ter subido para 2,3% em novembro, o Conselho do BCE voltou a cortar as taxas de referência, colocando a taxa de depósito nos 3%, o valor mais baixo desde março de 2023.
Na última reunião do ano, o Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu voltar a cortar as taxas de referência em 25 pontos base, como era antecipado pelo mercado. Trata-se da quarta vez este ano que a autoridade da política monetária corta as taxa de juro na Zona Euro, após ter realizado o primeiro corte na reunião de junho.
Com esta decisão, anunciada pelo Conselho do BCE esta quinta-feira em Frankfurt, na Alemanha, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito baixa para 3%, alcançando o valor mais baixo desde março de 2023.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e a taxa de juro da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez fixam-se em 3,15% e 3,4%, respetivamente. Estas novas taxas entrarão em vigor a 18 de dezembro.
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A decisão do Conselho do BCE baseia-se numa “avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, refere o banco central em comunicado, sublinhando que “o processo desinflacionista está bem encaminhado”, apresentando nesse sentido projeções otimistas para os próximos anos.
De acordo com as estimativas mais recentes dos especialistas do Eurosistema, o BCE refere que a inflação global deverá situar-se, em média, em “2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027”. Quanto à inflação subjacente, excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, as projeções apontam para “uma média de 2,9% em 2024, 2,3% em 2025 e 1,9% em 2026 e 2027”.
O BCE destaca ainda que “a maioria das medidas da inflação subjacente sugere que a inflação estabilizará, numa base sustentada, em torno do objetivo de médio prazo de 2% do Conselho do BCE”. No entanto, a instituição liderada por Christine Lagarde reconhece que “a inflação interna desceu ligeiramente, mas permanece elevada, sobretudo porque os salários e os preços em determinados setores ainda estão a ajustar-se, com um desfasamento substancial, à anterior subida acentuada da inflação”.
O Conselho do BCE destaca também que as condições de financiamento na Zona Euro estão a tornar-se menos restritivas, com o BCE a notar que “as recentes reduções das taxas de juro decididas pelo Conselho do BCE estão a tornar gradualmente a contração de novos empréstimos menos onerosa para as empresas e as famílias”.
É ainda de salientar uma mudança no discurso do BCE, omitindo a recorrente promessa de manter uma política monetária “suficientemente restritiva”, sinalizando um possível regresso a uma orientação neutral que não estimula nem abranda o crescimento, colocando apenas no seu discurso a ideia de que “a política monetária permanece restritiva e os anteriores aumentos das taxas de juro ainda estão a ser transmitidos ao stock de crédito em dívida.”
Revisão em baixa do crescimento da economia
A decisão do corte das taxas de juro do Conselho do BCE anunciada esta quinta-feira é acompanhada de uma revisão em baixa do crescimento da economia da área do euro. Os especialistas do Eurosistema “esperam agora uma recuperação económica mais lenta do que o avançado nas projeções de setembro”, destaca o BCE em comunicado. As novas estimativas apontam para um crescimento de “0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027”.
O Conselho do BCE reafirma o seu compromisso em “assegurar que a inflação estabiliza, de forma sustentada, no seu objetivo de médio prazo de 2%”, destacando novamente que continuará a seguir “uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária”, não se comprometendo “previamente com uma trajetória de taxas específica”.
Além disso, o Conselho do BCE frisa também que se mantém vigilante e “preparado para ajustar todos os instrumentos ao seu dispor, no âmbito do seu mandato”, para garantir a estabilidade de preços e o bom funcionamento da transmissão da política monetária na Zona Euro.
Relativamente aos programas de compra de ativos, o BCE revela que continua a reduzir gradualmente a sua carteira, reafirmando que “descontinuará os reinvestimentos no contexto do PEPP no final de 2024”, notando que o Eurosistema já não reinveste todos os pagamentos de capital de títulos vincendos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (PEPP), “reduzindo a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês.”
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