Exclusivo Novo aeroporto vai custar cerca de 8 mil milhões e é financiado só com taxas e extensão da concessão

Relatório Inicial da ANA entregue ao Governo prevê que a construção da infraestrutura seja financiada apenas por taxas aeroportuárias e extensão da concessão. Acessibilidades cabem ao Estado.

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas, Thierry Ligonnière, CEO da ANA, José Luís Arnault, chairman da ANA, Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, e João Jesus Caetano, presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, com a imagem do projeto do aeroporto Luís de Camões, no Campus XXI.

O Relatório Inicial do novo aeroporto de Lisboa entregue esta terça-feira pela ANA ao Governo estima um custo um pouco acima dos oito mil milhões de euros para a construção da infraestrutura, apurou o ECO. A obra será financiada através da alteração das taxas aeroportuárias e da extensão do prazo de concessão, sem aporte de verbas do Orçamento do Estado.

O ministro das Finanças afirmou esta terça-feira, durante uma cerimónia de entrega do documento no Campus XXI, que espera que “os encargos para o Orçamento do Estado sejam o mais limitado possível, de preferência sem impacto para os contribuintes”, admitindo a possibilidade de existir esse custo.

No entanto, o High Level Assumption Report o documento que dá o pontapé de partida para a negociação entre a concessionária e o Governo sobre o projeto do novo aeroporto –, não prevê dinheiro dos contribuintes para a construção da infraestrutura.

O modelo de financiamento assenta apenas na alteração das taxas aeroportuárias e na extensão temporal do contrato de concessão, que atualmente termina em 2062, como avançou o ECO.

O contrato deixa, no entanto, de fora as acessibilidades ao novo aeroporto, que ficam a cargo do Estado, logo dos contribuintes.

O aeroporto Luís de Camões, que será localizado no Campo de Tiro de Alcochete, tem um custo estimado no Relatório Inicial um pouco acima dos 8 mil milhões, para a construção de duas pistas. O valor final dependerá de alterações que o Governo venha a propor e fiquem plasmadas no projeto definitivo. No relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) era estimado um custo de 6.105 milhões para a construção de duas pistas no Campo de Tiro de Alcochete.

O Executivo pretende ter a infraestrutura pronta entre 2034 e 2035 e a concessionária deverá apresentar o calendário de realização o mais condensado possível para aproximar-se desse objetivo.

Após a entrega do High Level Assumption Report, o Governo tem 30 dias para confirmar por escrito à concessionária se pretende que esta prepare a candidatura ao novo aeroporto de Lisboa.

“A entrega do relatório manifesta a vontade da ANA aeroportos em investir no país. Estamos numa cerimónia simbólica, mas muito marcante para a prossecução deste objetivo de ter um aeroporto a servir a região de Lisboa, que é essencial para o progresso de Portugal”, salientou esta terça-feira o ministro das Infraestruturas, Miguel Luz.

O Governo analisará aquilo que foi apresentado. Temos 30 dias para dar uma resposta definitiva“, acrescentou.

Ultrapassada esta fase, o contrato de concessão dá à concessionária 36 meses para apresentar a candidatura completa ao novo aeroporto, processo que prevê um conjunto alargado de documentos, como o Relatório das Consultas, o Relatório sobre o Local Selecionado, um Estudo de Impacte Ambiental, o Relatório Técnico e o Relatório Financeiro. Prazo que o Ministério das Infraestruturas quer que seja encurtado, de forma a permitir o início mais cedo da obra.

Vamos falar agora [com o Governo] do conteúdo do dossiê, mas estamos muito felizes, depois deste tempo de trabalho, com o nosso relatório e essa proposta que vai ser o início, de facto, do trabalho com o Governo.

Thierry Ligonnière

Presidente executivo da ANA

Após receber a candidatura da ANA ao Novo Aeroporto de Lisboa, o Governo tem 90 dias para dar conta da sua decisão. Se a candidatura for em frente, seguem-se 12 meses de negociações para formalizar um acordo sobre todos os documentos e autorizações necessárias. Correndo tudo bem, será necessário contar com mais cerca de quatro anos para os projetos de especialidade de engenharia, concurso público para a construção e realização da obra.

“Estamos muito otimistas”, afirmou José Luís Arnaut, chairman da ANA, durante a cerimónia desta manhã. “Vamos aguardar por 17 de janeiro, que o Governo se pronuncie [sobre o documento]”, apontou, citado pela Lusa.

“Vamos falar agora [com o Governo] do conteúdo do dossiê, mas estamos muito felizes, depois deste tempo de trabalho, com o nosso relatório e essa proposta que vai ser o início, de facto, do trabalho com o Governo”, afirmou o presidente executivo da ANA, Thierry Ligonnière.

(Notícia atualizada às 14h00)

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